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CLIPPING: COIM BRASIL

Revista EmbalagemMarca - Ano IV - Nº 35 - Julho/2002 - Novos Caminhos


Leia abaixo, a reportagem na íntegra

Poucos fabricantes parecem ter investido tanto para crescer na cadeia de fornecimento de matérias-primas para a produção de embalagens quanto fizeram em tempos recentes os de adesivos e selantes. É uma movimentação compreensível, quando se constata que esse tipo de produto desempenha papel progressivamente determinante nos mais diferentes métodos modernos de produção. Mas é o setor de embalagem que surge como uma das principais propulsoras da surpreendente ampliação desse mercado.

Nas últimas três décadas, a produção mundial de adesivos e selantes cresceu mais de cinco vezes, ao mesmo tempo em que a cadeia do packaging se tornou uma das mais representativas para os fornecedores dessa especialidade química. Na fatia que cabe à embalagem, o negócio de laminação de filmes flexíveis mantém o status conquistado nos últimos anos, de maior consumidor de adesivos e selantes industriais. Mas tal condição, que pode ser resumidamente explicada pela explosão do consumo daquele tipo de embalagens em todo o mundo, não tem freado investi-mentos em outras áreas.

No Brasil, apesar da posição estratégica da conversão de embalagens flexíveis, cada vez mais fabricantes de adesivos privilegiam ações consagradas pelas boas perspectivas dos mercados de rótulos e montagem e fechamento de cartuchos celulósicos. Investimentos significativos são observados também na área de embalagens secundárias para transporte. onde se nota crescente substituição de grampos por sistemas de fechamento que usam etiquetas, fitas e adesivos. E é muito expressiva a movimentação no acabamento de embalagens promocionais, onde os rótulos auto-adesivos são preponderantes.

Os nichos variam, abrindo oportunidades de migração para o mercado de embalagens que não se restringem a empresas estrangeiras. “Hoje atuamos com adesivos para construção e fechamento de caixas de papel, além de selantes para rotulagem nas mais diferentes superfícies”, resume Alexandre Astolfi, gerente de mercado da Artecola, cinqüentenária fabricante nacional de adesivos industriais. Forte fornecedora nas área gráficas, moveleira e têxtil, a Artecola concentra 30% de seu faturamento no mercado de embalagem, mesmo sem atuar na área de laminação de flexíveis.

Água não é problema

Igualmente interessada no mercado de rótulos, a HB Fuller é outra empresa de adesivos a ilustrar o poder de atração do mercado de embalagem. Depois de ter trazido ao país sua linha de adesivos sem solvente para selagem e laminação de filmes flexíveis, a HB Fuller, situada em Sorocaba (SP), segue fortalecendo sua marca como fornecedora de adesivos para a indústria de rótulos. Um de seus pontos fortes aparece na área de bebidas, para a qual a empresa diz ter adesivos que mantêm os rótulos perfeitamente fixados, mesmo quando submersos em gelo e água.

Outra grande empresa de aditivos químicos que quer aumentar parcerias e o fornecimento de suas soluções para fabricantes de adesivos para embalagem é a Ciba. Os produtos voltados a esse mercado são constituídos pelas linhas de aditivos antioxidantes, disponíveis sob a marca lrganox. Tais soluções têm emprego em duas frentes distintas: a indústria de rótulos e os fabricantes de adesivos para fechamento de caixas e cartuchos de papel cartão. Os aditivos são desenvolvidos para aumentar a aderência e a vida útil dos selantes, sobretudo em condições extremas de temperatura.

O exemplo da Ciba indica que o fornecimento de especialidades e bases industriais para os fabricantes de adesivos de cada vez mais estratégico no mundo químico. A mesma percepção vem à tona quando se constata o caso da DuPont, que também tem se lançado na oferta de matérias-primas e adesivos para o mercado de embalagem. Contudo, o foco principal aí é a co-extrusão de materiais não compatíveis, como os que compõem filmes flexíveis multicamadas. Para atender a esse setor, a gigante americana desenvolveu a linha Bynel. composta por onze famílias distintas de adesivos.

A Sovereign Specialty Chemicals, também americana, apresenta estratégia distinta. Oficialmente no Brasil desde fevereiro último, quando ocorreu a inauguração de sua sede em Vinhedo (SP). a empresa se mostra interessada em fornecer adesivos prontos para nichos específicos da cadeia brasileira de embalagem. Mesmo tendo adquirido recentemente a inglesa Croda Adhesives, especializada em vernizes e adesivos direcionados justamente a embalagens flexíveis, a Sovereign não apostará tudo no negócio de laminação.

“Nossa linha de produtos conta com adesivos próprios para embalagens flexíveis, inclusive de alimentos”, conta Silvana Reis, gerente-geral da Sovereign no Brasil. “Mas por enquanto daremos prioridade ao fornecimento para empresas de rótulos, além de investir fortemente no negócio de vernizes para acabamento gráfico de embalagens”, ela completa.

Hegemonia

Não é exagero dizer que parte da cautela de alguns fabricantes quanto a investir no mercado brasileiro de laminação de flexíveis pode ser explicada pelo atual papel da alemã Henkel no setor. A empresa contabiliza mais de duas décadas no país, e na área de embalagem fornece para os principais convertedores dc filmes flexíveis, às vezes em caráter de exclusividade. Estimativas internas dão conta de que a l-Ienkel domina atualmente 70% do mercado de laminação de filmes flexíveis para a cadeia de embalagem.

Apesar da posição privilegiada, a empresa não está acomodada. Ciente da proximidade da chegada ao Brasil de normas de segurança para evitar a contaminação de alimentos acondicionados em embalagens laminadas, a Henkel tem investido alto em pesquisa para trazer soluções a tal questão. Como explica Julio Mufioz Kampf, diretor da divisão de adesivos industriais para América do Sul, a preocupação da indústria alimentícia em evitar contato de seus produtos com substâncias químicas da embalagem é cada vez mais evidente no Brasil. “Por isso nossos esforços têm se voltado para a garantia de cura total do adesivo durante o processo de laminação”, resume Mufioz.

Além da crescente oferta de adesivos livres de solventes, ou svlventless, grande tendência do mercado nos últimos anos, a Henkel continua desenvolvendo o que chama de adesivos de quarta geração. “De maneira geral, são sistemas de fácil manipulação, com boa maquinabilidade e cura rápida, com vistas à performance física e à segurança dos alimentos”, define o diretor da Henkel para a América do Sul.

Como demonstra o caso da 1-Ienkel que planeja estratégias para não se tornar vítima do acirramento da concorrência, a dinamização do mercado de adesivos es-palha a busca por diferenciais competitivos para atender a convertedores de em-balagens flexíveis. Depois de inaugurar, em abril, sua planta reformada de Jacareí (SP), a Rohm and Haas Luta para ampliar a presença de suas linhas de adesivos para laminação de embalagens flexíveis.

Porém, os 15 milhões de dólares investidos na fábrica paulista, que foi adotada como modelo tecnológico na empresa (a nova unidade indiana da Rohm and Haas é inspirada na planta de iacareí). deixam claro que simultaneamente à área de laminação de flexíveis, a empresa quer crescer forte no mercado de rotulagem, etiquetas e fitas adesivas. Urna das metas é expandir a produção das bases de seus PSAs , pressure sensitive adhesives ou adesivos sensíveis à pressão — consumidas basicamente por convertedores de rótulos auto-adesivos. “Ao ampliar seu perfil de produção local, adicionando aos adesivos de PSA a produção de adesivos para laminação de filmes flexíveis, a Rohm and Haas busca fortalecer sua posição de fornecedora completa de adesivos para conversão de embalagens”, diz Maria Cristina Santos Cunha Lima, gerente regional de marketing para adesivos.

Concorrente direta da Rohm and Haas e da Henkel no mercado de laminação de flexíveis, a italiana COIM acalenta a esperança de se tornar a fornecedora líder de adesivos para o mercado de embalagem. Até o final do ano, a empresa deverá anunciar a finalização da ampliação de sua fábrica brasileira, também localizada em Vinhedo (SP). Nesse caso, além do mercado de adesivos, a empresa investe no fornecimento de vernizes para selagem a quente e primers para impressão e metalização “Queremos nacionalizar toda a produção voltada à cadeia de embalagens flexíveis”, afirma Paulo Giorgiani, gerente de produto da Coim no Brasil.

É verdade que toda a movimentação dos fabricantes de adesivos no mercado de embalagem se justifica por detalhes que passam desapercebidos pelos consumidores. Mas o fato é que hoje não restam dúvidas de que os adesivos são cruciais para garantir a integridade do produto e a vedação de uma embalagem.

E a dólar?

Atuando sobretudo, quando não totalmente, com matérias-primas importadas, os fabricantes de adesivos industriais são alvo de grandes incertezas nos momentos de instabilidade cambial. “A área de adesivos tem sofrido impacto imediato da freada econômica”, analisa Mauro Trevizan, diretor regional de adesivos e selantes da Rohm and Haas. Apesar disso, ele diz que a empresa tem se dedicado como nunca ao desenvolvi-mento de novos produtos. “Queremos alavancar essa estratégia, para que, ao acelerar-se novamente a economia, eles já estejam aprovados”, comenta Trevizan. Nessa filosofia, existe a possibilidade, ainda não confirmada, de que a Rohm and Haas passe a produzir no Brasil adesivos com cura por radiação, além da recém-incrementada linha de hot melts reativos. Na Artecola predomina percepção semelhante. “Mesmo com o mercado de bens de consumo retraído, a área de embalagem tem apresentado crescimento constante em nossa operação”, confirma Alexandre Astolfi, gerente de mercado da empresa. Entre outros fatores, o executivo observa que tal evolução é ocasionada pela crescente substituição de grampos por sistemas adesivos para o fechamento de embalagens securidárias.

Quente como nunca

Ao mesmo tempo em que o mercado de adesivos para embalagem se expande além da laminação de filmes flexíveis, a disputa tecnológica entre as empresas se acirra. Com a profusão de lançamentos, fabricantes tradicionais no cenário brasileiro têm se articulado para responder à demanda por produtos mais eficientes. No mundo dos adesivos, isso significa preço competitivo, secagem rápida, e claro, selantes que não descolem indevidamente.

São basicamente esses os diferenciais que tronaram os hot melts líderes em fatias cada vez mais amplas do mercado de adesivos. Tecnologia relativamente recente, os adesivos hot melt são fundentes, e de maneira geral, podem ser processados à temperatura mais baixas, normalmente entre 100º C e 120ºC, o que reverte em economia de energia. Além dessa vantagem, eles têm a seu favor a crescente preocupação de fabricantes e consumidores com a preservação ambiental.

“Os hot melts são ecologicamente corretor, atóxicos, e cada vez mais garantem perfomance excelente em aplicações críticas, como nas embalagens de produtos supergelados”, atesta Roberto Cestari, gerente de vendas da Brascola, tradicional fabricante de adesivos, que entrou de cabeça nesse negócio em 2002. “É por isso que os adesivos com base em solventes estão sendo vítimas de migrações para os hot melts e para os adesivos com base em água”.

Com 49 anos no mercado, a Brascola debutou na área de hot melts com a marca Brascomelt, no início do ano. Visando lastrear o objetivo de conquistar 5% desse mercado em três anos, a empresa acaba de adquirir a Colabene, fábrica situada em Campinas (SP), presente no mercado de adesivos industriais desde 1974. A partir de agora, a Colabene passa a ser denominada Brascola Tec. “Entre as indústrias atendidas pela nossa atuação com hot melts, como a automotiva, a de calçados e a de construção civil, a de embalagens é a que apresenta grandes perspectivas de crescimento”, aponta Cestari. Para um setor disputado por fabricantes globais de especialidades químicas, a Brascola já obteve resultados expressivos: participação de 1% em menos de seis meses de atuação, além de contar com clientes como Da Granja, Paulista, Leco, Itambé, Vinagre Castelo, Garoto, Panasonic e Alcoa. “Além da performance nas aplicações para embalagens flexíveis, queremos difundir um diferencial no fechamento de cartuchos com nossa linha de hot melts”, ele sustenta.

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