Folha de São Paulo - Folha Campinas - Especial 8 - Sargento fecha Mestres do Samba
Leia abaixo, matéria na íntegra
O sambista Nelson Sargento encerra hoje, com seu segundo show, a “etapa carioca” do projeto Mestres do Samba, organizado pelo Tonico’s Boteco e que teve início em agosto. O primeiro show do sambista, um ícone do samba brasileiro e representante da velha-guarda da Mangueira, no bar foi ontem.
Nelson é contemporâneo de Cartola, Nelson Cavaquinho e Carlos Cachaça. O apelido Sar-gento veio nos tempos em que serviu ao Exército. Entre as canções assinadas pelo compostor está «Agoniza mas Não Morre”, sucesso lançado em 1978 na voz de Beth Carvalho.
Entre outras composições estão “Idioma Esquisito”, “Falso Amor Sincero”, “Vai Dizer a Ela” (com Carlos Marreta) e “Nas Asas da Canção” (com Dona Ivone Lara).
Nos anos 90, Sargento gravou discos no exterior e foi prestigiado com o documentário “Nelson Sargento”, de Estevão Pantoja. Além do samba, Nelson Sargen-to mantém outras atividades ligadas à arte. Além de músico, é es-critor, pintor primitivista e atuou em filmes. Os filmes “O Primeiro Dia”, de Walter Salles e Daniela Thomas, e “Orfeu do Carnaval”, de Cacá Diegues, têm sargento no elenco.
O sambista foi morar no Morro da Mangueira ainda criança e, nos anos 50, compôs seus primeiros sambas-enredo, entre eles “Cântico à Natureza”(1955), com Jamelão e Alfredo Português, Sargento também integrou o conjunto A Voz do Morro.
O paulista Leandro Fregonesi abre a apresentação de Nelson Sargento, hoje, no Tonico’s Boteco. Fregonesi pertence a uma nova geração de sambistas.
Como referências, o músico traz artistas das décadas de 80 e 90, como Alcione, Beth Carvalho, Martinho da Vila, Almir Guineto, Zeca Pagodinho e Benito de Paula, entre outros, além das escolas de samba.
Essa variedade de referências norteia suas composições, dedicadas ao samba mais tradicional.
Sua admiração pelo samba de terreiro fica evidente pelas parcerias do jovem sambista. Leandro Fregonesi já compôs com Darcy da Mangueira, Noca da Portela, Niltinho Tristeza, Roberto Serrão, Alceu Maia e Ana Costa. Na apresentação de hoje ele mostra a recente composição “No compasso do meu Coração”.
Projeto
O projeto Mestres do Samba recebe, desde agosto, nomes ligados à história do samba carioca: Moacyr Luz, Guilherme de Brito, Walter Alfaiate, Nei Lopes e Monarco. O projeto chegou a reunir cerca de 200 pessoas por apresentação, lotação máxima do bar.
O grupo de samba local “Quarteto de Cordas Vocais acompanha os sambistas desde o primeiro show.
Segundo o proprietário da casa, Paulo Henrique de Oliveira, o projeto foi um sucesso e a intenção é dar continuidade. Antes de convidar outros cariocas, porém, os sambistas paulistas devem formar uma nova etapa do projeto.
“Queremos continuar dando espaço para o samba, seja ele de onde for. Vamos dar espaço agora para músicos paulistas do gênero”.