Correio Popular - Cidades - Capa - RMC tem 21% das casas com computador
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O microcomputador está presente em 27,7% das residências em Campinas, o que significa que de cada dez casas, em média três estão na era da informática. A inclusão digital domiciliar de Campinas é mais que o dobro da média brasileira, onde apenas 10,6% dos domicílios têm computador.
O levantamento, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base no Censo Demográfico, mostra que Metropolitana de Campinas (RMC) é privilegiada nesse setor. Na média, 21% dos domicílios têm pelo menos um computador instalado. Depois de Campinas, a cidade de Valinhos, na RMC, é a que tem maior taxa de residências com computador (27,02%), Indaiatuba é a cidade da Grande Campinas com menor quantidade: apenas 8,48% dos domicílios têm um computador.
“Campinas é a cidade com uma das maiores taxas de PCs pessoais”, comenta Ana Figueiroa, diretora do Departamento de Informatização da Prefeitura, área que trabalha para a inclusão digital da Prefeitura, informatizando procedimentos e tentando garantir o acesso da população a eles.
Num momento em que dominar os códigos das redes eletrônicas é tão importante como saber ler e escrever, surgem iniciativas preocupadas em incluir o maior número de pessoas possível, como é o caso do Comitê de Democratização da Informática Campinas (CDI). Esse comitê, uma organização não-governamental que luta contra a exclusão digital, vem formando Escolas de Informática e Cidadania para atender crianças, jovens e adultos carentes, Essas escolas contam com o trabalho voluntário de monitores.
A quantidade de residência com PCs pessoais só não é maior por causa do preço. Embora o IBGE não tenha divulgado a quantidade de pessoas com acesso à Internet, Ana Figueiroa acredita que elas devem ser um número extremamente significativo. “É provável que a grande maioria das pessoas que tem um computador em casa está conectada à rede. Mas hoje você não precisa ter um computador em casa para estar integrado à Internet. As pessoas usam os computadores no trabalho, nos bares, nas escolas. Mas ainda é preciso melhorar o acesso da população, formar pessoas para reduzir ainda mais a exclusão digital”, afirma. Quem não tem um e-mail está fora dessa nova forma de diálogo com o mundo, completa.
Os dados divulgados pelo IBGE referem-se especificamente a quantidade de domicílios com computado-res e não ao número de internautas. Um estudo realizado pela empresa Ipsos-Reid mos-tra que 24% dos brasileiros estão conectados à rede mundial de computadores, ocupando o décimo lugar no ranking mundial Nos Estados Unidos 72% da população estão on-line; no Canadá são 62%, na Coréia do Sul, 53%.
Para o pesquisador Sérgio Campos, da Universidade Federal de Minas Gerais, que integra a equipe que desenvolveu o protótipo do computador popular. Há possibilidade de melhorar a inclusão digital, na medida em que isso se firme como prioridade de governo.
Novo Governo
O ministro das Comunicações, deputado Miro Teixeira (PDT/RJ), disse que uma de suas prioridades no novo governo será a inclusão digital. Além dos cerca de R$ 2 bilhões do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), o governo poderá incorporar recursos do Orçamento para a ampliação do acesso ao mundo virtual.
Ocupação está conectada ao mundo
Jardim Monte Cristo, que junto com o Parque Oziel forma a maior área ocupada de Campinas está conectado ao mundo. O computador, um K-6, chegou à ocupação há cerca de seis meses, quando Helenice Paiva se mudou para a área, com os três filhos. Os dois maiores trabalham com informática e o mais novo, Felipe, de 11 anos, domina praticamente todos os programas.
“Ter um computador em casa é um investimento no futuro dos filhos”, diz Helenice, que se mudou para o Monte Cristo depois de ficar desempregada. “Tive que optar entre pagar aluguel e investir nos meus filhos. Fiquei com a segunda opção”, conta. Possivelmente é a única família com computador conectado à Internet existente no Monte Cristo. O uso é disciplinado. De sábado a partir das 14 horas até a noite de domingo, o uso é liberado, por que o preço da conexão é R$ 0,09. “Eles utilizam muito o computador para trabalhos escolares, pesquisas”, conta. Felipe gosta dos canais de bate-papo, mas já anda mostrando ao bairro que pode utilizar o computador profissionalmente. Fez propagandas para dois comércios do lugar, mas sem cobrar nada.
Helenice incentiva os filhos, desde pequenos, a conhecerem bem os meandros da informática. E os rapazes que nasceram ouvindo a linguagem digital dentro da casa — o pai, falecido há dez anos, era analista de sistemas — continuam conectados ao mundo.
O preço do equipamento, comenta Helenice, é ainda o fator principal a impedir que todas as casas tenham um computador O preço já sofreu redução, mas ainda permanece muito distante das possibilidades da maioria das famílias.