Correio Popular - Caderno B - Pág. 02 - Murchadeira de alface
Uma nova doença ameaça as principais regiões produtoras de alface do Estado de São Paulo- inclusive a de Campinas. E a murchadeira da alface, provocada por um fungo que causa podridão das raízes, reduz tamanho e murcha as plantas.
A doença tem atingido tanto a alface cultivada em solo quanto a hidropônica (cultivada em água). As variedades mais suscetíveis à doença são as de tipo lisa e a americana.
“Ainda não temos dados de perdas da produção, mas o avanço da doença preocupa produtores e os pesquisadores”, diz Liliane De Diana Tei-xeira Yanez, engenheira agrônoma, e doutoranda da Esalq/USP, campus de Piracicaba.
A Esalq é a primeira universidade que está investigando o fungo Thielaviopsis basicola, que foi constatado no Brasil, em 1999, no Rio de Janeiro. Liliane faz parte do grupo de pesquisadores que estudam o primeiro caso da doença no interior paulista, detectado num plantação em Paulínia, no ano passado.
A Universidade analisa amostras do solo de culturas de alface de Campinas, Jundiai e Tatui para saber se estão contaminadas. O fungo também é uma ameaça as outras culturas, como a de chicória e almeirão.
Só a alface, principal hortaliça folhosa cultivada no Brasil, movimenta um mercado de R$ 2 bilhões por ano e ocupa uma área de 31 mil hectares. O Estado de São Paulo tem quase a metade da área cultivada no Pais -14 mil hectares ao todo, sendo que a maior concentração está na região de Campinas. A cultura é responsável pela geração de cinco empregos diretos por hectare - trabalho para 70 mil pessoas por ano.
O fungo pode ser é confundido com outras doenças de raiz. Liliane explica que as plantas atacadas pelo fungo apresentam inicialmente manchas escuras nas raízes e, principalmente as raízes laterais apodrecem.
Ainda não se sabe ao certo como o fungo se espalhou pelo território brasileiro. As suspeitas são de que ele tenha sido introduzido no Brasil através de turfa (composto rico em matéria orgânica) contaminada e usada na formulação de substituição de mudas.
O fungo produz esporos (espécie de sementes) que podem ser transportados pelo vento ou permanecer dormentes no solo de três a cinco anos. Normalmente, os esporos são disseminados através de mudas e solo contaminados, máquinas e ferramentas utilizadas no campo e na água de irrigação ou drenagem. E o pior: ainda não há defensivos contra a doença.