Folha de São Paulo - Pág. C6 - Projetos para recuperar centro ficam só no papel
De 2001 até este ano, foram criados 15 projetos para intervenção no centro de Campinas. O problema, entretanto, é que quase ne-nhum saiu do papel.
De acordo com a Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo da Cidade, está previsto para este ano um investimento de mais de R$ 6 milhões no Projeto Centro. Segundo o secretário da pasta, Valter Pomar, 15 projetos foram incluídos na ação e começarão a ser colocados em prática de acordo com a “urgência” de cada um.
“Esse projeto envolve medidas de curto, médio e longo prazo. As de curto prazo têm relação com ações emergenciais, que estamos desenvolvendo para desatar nós.”
Com dinheiro disponível e seguindo a filosofia da “urgência” de cada projeto, a administração selecionou três projetos para serem feitos ao longo deste ano: o da rua l3 de Maio; o da reorganização do comércio informal; e o da Zeladoria do Centro —braço da administração municipal voltado à região central. Nos três deverão ser aplicados os R$ 6 milhões.
Para o presidente da Associação dos Amigos do Centro de Campinas, Paulo Henrique de Oliveira, apesar de a prefeitura estar colocando em andamento, na medida do possível, os projetos para o centro da cidade, ele considera o ritmo lento.
“A associação apóia todas as propostas para este ano, só que está muito devagar”, disse.
O presidente da associação também disse acreditar que a greve dos servidores municipais, que durou 47 dias e terminou em 1º de julho último, possa ter atrapalhado um pouco o andamento do Projeto Centro. “Nós esperamos que, agora, a administração dê uma acelerada no projeto.”
Questionado sobre se o principal impedimento para o bom andamento do Projeto Centro é a falta de investimento, o secretário da pasta foi breve: “Se não tiver dinheiro, nada acontece”.
“Tem tido dinheiro. No ano passado, só em atividades culturais no centro da cidade e na restauração do prédio em que hoje funciona a Estação Cultura, a gente investiu R$ 1 milhão. Neste ano, a previsão é que a gente invista mais de R$ 6 milhões.”
De acordo com Oliveira, essa quantia é suficiente para dar vazão para as três prioridades deste ano do projeto. “Para essas ações, é suficiente. Mas o reordenamento do centro precisa de um investimento gigantesco. Essas são as primeiras de uma série de ações que têm de ser feitas e que podem servir para ‘detonar’ o processo”, afirmou.
O titular da secretaria ressaltou ainda que a maior parte dos recursos vieram da própria prefeitura, embora haja investimentos, em menor quantidade, de entidades empresariais.
“Evidentemente, queremos ter apoio de todo mundo que se disponha a apoiar. Mas, até o momento, a maior parte dos recursos que foram colocados vieram da prefeitura. Gostaria que [o investimento] fosse maior”, disse.
As prioridades
Segundo Pomar, o primeiro dos projetos é o de intervenção na “artéria comercial” de Campinas —a rua 13 de Maio. Estão previstos o enterramento das fiações telefônica e elétrica e a modificação do piso da rua e do mobiliário urbano (lixeiras e bancos, por exemplo). Na ação também está incluída a limpeza das fachadas dos estabelecimentos comerciais.
“Nós vamos pegar essa artéria comercial que é a 13 de Maio e vamos fazer uma grande intervenção, em que estarão incluídas as suas transversais. Isso é um primeiro passo, a que daremos con-tinuidade depois.”
Sobre o andamento da “intervenção”, o secretário disse que ainda está em fase de contratação da empresa que fará o novo projeto arquitetônico.
“Esse caso é muito complexo, porque precisamos do projeto arquitetônico para depois começarmos a obra”, explicou Pomar.
O segundo projeto a ser priorizado diz respeito ao comércio informal na região central. A pretensão da administração é criar um local —rua Benedto Cavalcante Pinto, ao lado do Terminal Central— onde os comerciantes informais possam ser instalados. A terceira e última ação programada para 2003 do Projeto Centro é focada na Zeladoria.
“A Zeladoria é um setor novo que criamos na prefeitura com o objetivo de dar atenção qualificada ao centro da cidade”, explicou.
(ISABELA SALGUEIRO)
13 DE MAIO JÁ ERA VISADA PELO GOVERNO DE 1993
O Projeto Centro da prefeitura não é o primeiro nesse sentido da cidade nem o único que encontra empecilhos para sair do papel.
Em 1993, por exemplo, durante a gestão de Magalhães Teixeira (PSDB), houve a intenção de realizar mudanças na rua 13 de Maio.
“Foi brutal a reação contrária dos comerciantes, dos camelôs e da Câmara Municipal”, lembrou Luciano Zica (PT), deputado federal e ex-vereador de Campinas.
AS 15 AÇÕES DO PROJETO CENTRO
- Complexo da Fepasa
- Ceprocamp (Centro Profissionalizante Antônio da Costa Santos)
- Entorno da Estação 1
- Entorno da Estação 2 (Museu da Cidade/Arquivo Municipal)
- Entorno da Estação 3 (Vila Industrial/Teatro Castro Mendes)
- Palácio dos Azulejos 1 (restauro)
- Palácio dos Azulejos 2 (entorno)
- Catedral (restauro e entorno)
- 13 de Maio/Costa Aguiar
- Largo do Rosário (entorno)
- Zeladoria do Centro
- Circulação
- Comércio
- Plano de médio-longo prazo
-Teatro
FRASE
5º pior – Centro da cidade
“A Associação apóia todas as propostas para este ano, só que está muito devagar. Esperamos que a administração acelere o projeto”
Paulo Henrique de Oliveira, presidente da Associação Amigos do Centro de Campinas