Revista Tecnicouro - Págs. 60-61 - I Jornada Técnica de Componentes contou com setor calçadista
A I Jornada Técnica de Componentes, realizada pelo Conse-lbo Técnico de Componentes do CTCCA nos dias 21 e 22 de maio, contou com a participação de aproximadamente 250 profissionais do complexo calçadista do Vale do Sinos.
O evento oportunizou aos participantes assistir a palestras e participar de debates sobre temas de grande interesse da indústria de calçados, como selados leves, adesivos à base de água e tecidos, bem como conhecer novas opções de componentes, produzidas por diversas empresas e expostas em um showroom.
Na abertura da jornada. Genilson Pacheco, do Centro Tecnológico de Polímeros do Senai (Cetepo), de São Leopoldo/RS, apresentou o Programa de Ensaios de Proficiência por Comparação Interlaboratorial, que avalia a performance dos laboratários de ensaios e medições. “Trata-se de uma ferramenta que permite a cada laboratório avaliar o nível e a uniformidade de seus resultados e por comparação com outros participantes”, afirmou.
Em seguida, o consultor de empresas Friedrich Wilhem Bredemeier falou da importância da utilização de normas apropriadas nos ensaios em solados, que, mais do que um belo visual, devem ter propriedades que efetivamente assegurem conforto e qualidade aos diferentes tipos de calçados em que são empregados, para que essas características possam ser percebidas pelos usuários.
A palestra a seguir, de Hector Natale, da Main Group, teve como tema o emprego crescente de selados leves pela indústria calçadista, para atender às exigências dos consumidores. “Hoje, já é possível produzir solados leves de dois materiais, com solas exteriores muito finas, entressolas cômodas e leves e perfis variados, utilizando sistemas de injeção integrada”, disse. Os exemplos mais representativos desses materiais são as borrachas, o EVA e o PU.
No segundo dia, Valdemar Masselli Júnior, da FCC Fornecedora, falou da utilização de adesivos à base de água pela indústria de calçados, em substituição aos de base solvente. Os primeiros informes sobre adesivos aquosos para calçados surgiram no início dos anos 80 e, hoje, eles já são utilizados por cerca de 15% do mercado calçadista.
Rendimento superior, resistência superior à dos adesivos à base de solventes, excelente adesão em materiais como PU, SBR, EVA, PVC, TR, couro e tecidos e isenção de solventes orgânicos, o que proporciona melhores condições ambientais à fábrica e proteção à saúde dos operadores, são, conforme Masselli, alguns das vantagens que proporcionam.
Os adesivos aquosos têm custo mais elevado por quilo, apesar de a água ser mais barata que os solventes. Isso deve-se ao fato de conterem resinas e polímeros mais caros em sua formulação e maior teor de sólidos do que os convencionais, mas na aplicação os custos se aproximam. É preciso, portanto, avaliar caso a caso. “Cada fabricante deve fazer sua própria experiência e avaliar as vantagens e as dificuldades com os adesivos aquosos”, finalizou.
A palestra de encerramento da I Jornada Técnica de Componentes esteve a cargo de Marília de Oliveira, da Têxtil Matec, que apresentou as diferentes tecnologias de tecimento empregadas pela empresa. Segundo ela, há diferenças entre as malharias de urdume, trama e de tecidos planos. Malharia de urdume é a tecnologia mais empregada no setor calçadista e os tecidos têm como característica principal a indesmalhabilidade, isto é, a maior resistência, Além disso, apresentam maior versatilidade/praticidade no desenvolvimento de novos produtos.
A malharia de trama (circular) também é utilizada no setor, principalmente para forros. Nesse caso, os tecidos são de maior alongamento no sentido de largura do que no comprimento. Apresentam grande maior maleabilidade (conforto) e do desmalháveis. Os tecidos planos são mais suscetíveis ao esgarçamento. As estruturas são mais rígidas do que as dos tecidos de malharia. Têm melhores aspectos físicos e menor maleabilidade e estruturas mais restritas, como as telas, as sarjas e o cetim.
As características estão sujeitas a variações frente à diversidade de matérias-primas e suas propriedades: títulos de fios, número de filamentos, fibras (PES, PA e PUE) e estruturas/ligamentos.