Revista Frutas & Legumes - Pág. 08 - Murchadeira de alface
A alface, principal hortaliça folhosa cultivada no Brasil, movimenta 2 bilhões/ano e ocupa uma área de aproximadamente 31 mil ha, com a geração de cinco empregos diretos por hectare. A atividade está em risco em função da nova doença detectada no País e confirmada por pesquisa da ESALQ/USP, financiada pela Fapesp.
A nova doença está se expandindo rapidamente nas principais regiões produtoras de alface do Estado de São Paulo, tanto em campo quanto em sistemas hidropônicos.
Conhecida como murchadeira da alface, ela é provocada por um fungo e causa podridão das raízes, reduzindo o tamanho das plantas e provocando, consequentemente, seu murchamento.
As principais variedades de alface tipo lisa e americana cultivadas no Brasil são suscetíveis à doença, explica o pesquisador Fernando Cesar Sala, da ESALQ/USP, que, junto com outros acadêmicos, desenvolveu uma pesquisa em que avaliou a manifestação da doença e realizou testes de resistência.
“O método mais eficaz, prático e barato para o controle da murchadeira é o emprego de cultivares resistentes ao fungo”, sugere Sala.
A murchadeira da alface (ou podridão negra das raízes) é causada pelo fungo Thielaviopsis basicola e foi constatada no Brasil em 1999, no Rio de Janeiro, sendo frequentemente confundida com distúrbios fisiológicos.
As plantas atacadas pelo fungo apresentam, inicialmente, manchas escuras nas raízes e, com o avanço da doença, principalmente as raízes laterais vão se tornando completamente apodrecidas.
O patógeno produz esporos (espécie de sementes do fungo) que podem ser transportados pelo vento ou permanecer dormentes no solo por um período de três a cinco anos.
Normalmente, os esporos são disseminados através de mudas e solo contaminados, de máquinas e ferramentas utilizadas nas práticas culturais e da água de irrigação ou drenagem.
Segundo o pesquisador, existem fortes suspeitas de que o patógeno tenha sido introduzido no Brasil através de turfa (composto rico em matéria orgânica) contaminada e usada na formulação de substratos de mudas.
Além da utilização de espécies resistentes, Sala recomenda a adoção de práticas de manejo adequadas à cultura, como uso de mudas sadias, substrato livre de patógeno, irrigação e adubação apropriadas.
Além disso, rotação de culturas e solarização, tanto do solo quanto do substrato, são alternativas válidas para minimizar as perdas pela murchadeira da alface.