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Revista Pnews - pág. 23 - Informe Técnico: Cuidados com os pneus


Uma região bastante crítica para análise dos pneus que chegam nas recapadoras é a dos talões. Eles têm a responsabilidade de garantir o compromisso da carcaça, que é o de suportar a carga. Neste contexto, os talões se responsabilizam por esse compromisso em aproximadamente 40% nos casos de pneus com câmara e de até 60% nos pneus sem câmara.

Entretanto, muitas vezes alguns pneus com talões deteriorados acabam sendo aprovados na inspeção inicial, porque o recapador entende que a região estará protegida pela roda ou aro, e que isso evitará outros problemas. Outros se arriscam fazendo reparos nos talões, o que não é recomendado pelos fabricantes de pneus. E alguns até aceitam uma solicitação muito comum, a de cortar a ponta dos talões dos pneus sem câmara, para que passem a ser usados com câmara, contrariando as especificações técnicas. Estes procedimentos devem ser evitados.

Um dano bastante comum nos talões é a abertura circunferencial próximo do cordão de centragem, causada por aquecimento excessivo. Este é um caso onde normalmente só se trabalha no efeito, deixando a causa sem tratamento. E, de fato, não é fácil resolver a causa desse dano, pois envolve uma mudança de cultura na maioria das frotas ou usuários.

As causas desta abertura de talão são motivadas por vários fatores, mas vamos relacionar os mais comuns. Observando os cuidados relatados abaixo, será possível preservar melhor os talões, garantindo carcaças mais duráveis para recapagem. Além, é claro, de contribuirmos para a preservação ambiental, evitando descartes desnecessários.

Dicas para evitar danos causados por super aquecimento nos talões

-A regulagem correta dos freios é um fator que interfere nessa questão. Ela deve ser feita sempre com o veículo levantado. Isso permite uma regulagem ideal porque quando os tambores estiverem ovalizados, será possível perceber ao girar o conjunto pneumático. Assim, a regulagem tipo “fecha tudo e volta dois dentes ou um quarto de volta” será evitada. Nem sempre o tambor de freio e o cubo estarão com a circunferência perfeita, permitindo um resultado ideal. E caso isso não seja feito, o freio ficará muito justo, gerando um atrito constante, aumentando o calor e, quanto mais roda mais aquece, maior a dilatação, chegando ao ponto de travar as rodas. Outro ponto a ser considerado nesse item é a utilização de lonas de freios não originais, sem as dimensões adequadas que também provocam atrito e aquecimento excessivo.

-O uso adequado dos freios evita o superaquecimento dos talões. Isso significa dizer que os freios não foram projetados para determinar a velocidade dos veículos. Para isso existe o câmbio. Portanto, com carga, pressão dos pneus adequada e a condução correta podemos evitar essa perda de pneus causada por danos nos talões.

-A montagem em geminado é outro detalhe de grande importância para evitar danos em talões. Sempre deve ser respeitada a distância mínima entre as linhas de centro das bandas de rodagem: 1,13% da cota G.

-As condições de limpeza do local onde são montados os pneus nas rodas ou aros podem parecer um detalhe sem importância. Mas esse é um fator que também prejudica a região dos talões porque qualquer sujeira pode causar atrito entre os talões e aros ou rodas. Por não ser um corpo rígido, os talões realizam um trabalho de altíssimo esforço e tem que se manter encaixado 100% do tempo, sob as mais variadas condições de trabalho.

O uso de produtos para montagem e desmontagem dos pneus também contribui para um correto assentamento dos talões nas rodas, permitindo perfeita acomodação dos mesmos e não provocando alteração das áreas de flexão dos pneus, que estaria proporcionando uma fadiga na região do cordão de centragem.

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