Plásticos em Revista - pág. 58 - Conforto e qualidade com o sistema PU
Franco Baccin, presidente da Coim Brasil, blue chip em sistemas de poliuretano (PU) para calçados, abriu o ano com a projeção de salto de 15% nas vendas para o seu segmento, embalada pelo balanço azul de 2002. “O ano passado fechou com movimento de 28-30.000 toneladas, equivalente a um aumento de 10% sobre o desempenho de 2001”, esclarece. No entanto, passado o primeiro semestre recessivo e com o poder aquisitivo sem mostra de recuperação, o dirigente conclui que um empate com o saldo de 2002 já seria satisfatório para o nublado 2003. No momento, completa o dirigente, o reduto de sistemas de PU roda no país com ociosidade média de 20% em sua capacidade instalada da ordem de 32.000 toneladas anuais. “É uma fase preocupante, pois a ocupação sofrível das linhas pode retardar a evolução da tecnologia de PU, desestimulando a compra de equipamentos atualizados”, interpreta Baccin.
Instabilidade à parte, Baccin e seu diretor geral Carlos Francisco Rosa não enxergam maiores abalos na posição de PU no setor calçadista. Apesar de mais cara, é a opção mais versátil, ambos salientam. No confronto em solados com acetato de etileno vinila (EVA), Baccin julga que PU sobressai pela facilidade de pintura e índices de produtividade. “EVA se ressente da dificuldade para ser pintado e seu maquinário, além de mais caro, acusa produtividade 50% abaixo dos níveis de PU e custo energético superior”, ele confronta. Borracha termoplástica, por seu turno, é considerada rival à altura de PU em solados masculinos, “mas sua densidade é demasiada alta perante PU”, emenda Baccin. No duelo com PVC, o presidente assegura que, embora perca no preço, PU está à frente na redução de densidade, aderência e módulo de flexão. Também não sente por ora, em seu movimento de sistemas, os efeitos da iniciada penetração do PVC microexpandido em solados, acenando com índices de densidade mais próximos da média de PU. “Outro complicador para PVC”, alfineta o dirigente, “provém do uso em calçados de compostos que contenham plastificante monomérico, passível de migrar para o pé”. A Coim Brasil, aliás, fornece o tipo polimérico, que não migra, ele frisa.
A empresa também é o único sistemista de PU que opera uma usina de recuperação de solados, que partiu este ano em Novo Hamburgo (RS), assegura o presidente. “O pólo calçadista gaúcho consome em torno de 20.000 toneladas de PU anuais”, justifica Baccin. A filial da Coim tem condições de recuperar 200 toneladas mensais de refugo de solados. Tornado reaproveitável, o material retorna aos calçadistas locais. O dirigente reconhece que, de certo modo, essa prestação de serviço complica a venda do sistema de PU virgem. “Em contrapartida, a usina fortalece o conceito de PU como material reciclável, em sintonia com o marketing ecológico ultra-sensível no setor de calçados”, justifica.
É o chamariz ecológico que também transpira de um desenvolvimento prometido para breve por Baccin. “Vamos introduzir uma série de formulações de PU com biomassa”, anuncia. “Além de reciclável, o sistema tem o apelo do material natural cultuado pelo marketing ambientalista da indústria de calçados”.
Outra sacada em vias de ganhar o mercado, encaixam concisos Baccin e Rosa, é um sistema de EU com densidade que, conforme o modelo de solado, pode ser 5-10% inferior à média ofertada pelas formulaçães na praça. A redução de densidade é prioridade constante colocada pela clientela da Coim, Baccin exemplifica com o sistema que começou a fornecer este ano para entressolas dos tênis Nike montados no Brasil.