Jornal do Comércio - Pág. 3 -Empresas aperfeiçoam componentes e reciclam materiais
Os avanços das fábricas de calçados se baseiam, na maior parte das vezes, nos investimentos das empresas de componentes. Com produtos específicos e segmentados, as indústrias de componentes trouxeram diversos avanços ao calçado. Materiais mais leves e flexíveis, produtos que proporcionam conforto e reduzem transpiração e versatilidade de aplicações são alguns dos resultados obtidos pelos produtores de componentes.
A Formas Linz, de Novo Hamburgo, desenvolveu formas de bico de alumínio que atende indústrias de calçados que produzem sapatos femininos de bico fino. Com tecnologia da própria empresa, o material produz um calçado com melhor acabamento, pela própria dureza do material, que permite um perfeito ajuste do material à forma naquela região, sem danificar detalhes delicados. Como o alumínio é um material mais rígido que o plástico utilizado normalmente, a máquina de apontar também não altera o ângulo da planta, o que permite a perfeição no bico do sapato.
Com 75 anos de fundação, a Formas Kunz é pioneira no segmento no País. A decisão de investir na nova tecnologia “está dentro da filosofia do Grupo Linz de se adiantar às necessidades das indústrias e contribuir para agregar valor aos calçados produzidos no País, tomando os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional”, afirma o diretor do grupo, Roberto Schihing.
Também atenta à necessidade de mercado, a Coim Brasil, de Vinhedo (SI’), lançou um poliuretano com densidade menor que os disponíveis atualmente no mercado~ A novidade destina-se à produção de solados para calçados femininos de lazer. “Com ela, tamancos e outros modelos ficam ainda mais leves, sem prejuízo à aderência e à resistência ao desgaste durante o uso”, afirma o gerente comercial e de marketing, Cláudio Neves Demar. A densidade do novo PU é 33. O produto é quimicamente diferente e permite a produção de solados com uma quantidade inferior de matéria-prima, gerando economia para as empresas.
Outra novidade da Coim é o início da produção de um poliol a partir da reciclagem de refugos fornecidos por clientes do Vale do Sinos. A unidade de recuperação de PU fica em Novo Hamburgo.
O investimento para implantar a recicladora de PU foi de R$ 5 milhões. A capacidade instalada dos dois reatores, principais componentes da unidade, é de 200 toneladas/mês, mas inicialmente estão sendo processadas cerca de 50 toneladas/mês. No Sul, são cerca de 30 empresas clientes, cujas sobras são entregues moídas à Coim. Em seguida, são novamente trituradas, colocadas no reator e quimicamente tratadas com resinas e aditivos. Obtém-se, então, um volume equivalente ao dobro do inicial, que é vendido ao cliente que o entregou com preço cerca de 10% inferior ao do PU virgem. As primeiras solas produzidas com poliuretano reciclado foram apresentadas ao setor calçadista durante a Couromoda 2004, em São Paulo.