"SÓ A POESIA NOS SALVARÁ" - SENTIMENTO DO MUNDO
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A AGÊNCIA DE NOTICIAS E EDITORA CLICKNOTICIA assumiu, a partir de 2021 as funções que desde 1996 a Comunicativa atuava no mercado de comunicação com características próprias de Agência de Notícias e Editora. Assim, também como agência e editora, a CLICKNOTICIAS se propõe a levantar informações de interesse jornalístico, na macro região de Campinas, espontaneamente ou por demanda para difundí-las através do site www.clicknoticia.com.br. Como Editora ela coloca à disposição de instituições públicas ou privadas o seu corpo de profissionais para produção de publicações jornalísticas em todas mídias disponíveis. Ao conhecer a empresa e suas necessidades no setor de comunicação, podem ser sugeridas ferramentas através da elaboração de um Plano de Comunicação, incluindo jornal para os funcionários, publicações institucionais ou específicas para os clientes, produção de conteúdo para sites, criação de hubs e sites responsivos, entre outras. Esse trabalho é pautado por critérios profissionais e éticos acim a de tudo. A Comunicativa Assessoria e Consultoria Jornalística foi criada como prestadora de serviços jornalísticos em abril de 1996 em função da demanda de profissionais capacitados para interrelacionar o segmento corporativo e os veículos de comunicação jornalística. Fone/WS: (19) 987-835187 - (19) 99156-6014
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CAMPINAS/SP
Diário do ano da peste de 2021. Hoje é sábado dia 14 de agosto. E como hoje é sábado o nosso Senhor Jesus Cristinho resolveu de me enviar mais um WhatsApp angelical me colocando a par de uma situação muito constrangedora para ele. Isso porque outro dia me disse que ele estava andando pelo céu e encontrou uma figura muita magra, careca, de terno e gravata e óculos de aros redondos negros chorando muito. Ao perceber aquela figura triste ele se aproximou e perguntou o que estava acontecendo. E eis o relato que o nosso Senhor Jesus Cristinho. A pessoa que chorava copiosamente era o poeta Carlos Drumond de Andrade que ficou chocado ao receber a noticia que o governo do capitão resolveu leiloar vários prédios históricos pertencentes ao Estado brasileiros. Dois desses mais emblemáticos ficam no Rio. O prédio do jornal A Noite que fica perto do porto e onde ficava a Radio Nacional (que o governo do capitão extinguiu) e o Palácio Gustavo Capanema, inaugurado em 1946, durante o governo Vargas e que abrigou o Ministério da Educação. E é por isso que o Drumond estava chorando me disse nosso senhor Jesus Cristinho, pois, ele passou boa parte da sua vida profissional trabalhando nesse edifício. E o pior que o leiloeiro oficial desses imóveis é ex grande investidor do mercado de ações e misto de Ministro da Economia que ao invés de implantar políticas públicas para aumentar emprego e fazer girar a economia prefere vender mais de mil edifícios públicos pelo país para arrecadar 1,1 bilhão de reais. Pior é que até hoje três anos depois o Paulinho não soube explicar o que faz no ministério.
E só posso me manifestar contra essas vendas aqui na minha república anarquista dos Tupinambás, em Barequeçaba, lançando minhas granadas do “Só a poesia nos Salvará”.
E em protesto vou ler poema de Carlos Drummond de Andrade que dispensa apresentações aqui nessas minhas leituras. Nesses tempos obscuros que vivemos vou ler do nosso poeta de Itabira dois poema.
VEJA E OUÇA AQUI
O primeiro tem como título:
CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
O segundo poema tem como título:
SENTIMENTO DO MUNDO
Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.
Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.
Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer
esse amanhecer
mais noite que a noite.
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