CAMPINAS/SP


O MOVIMENTO VER SP QUER MANUTENÇÃO DA HORTA DAS FLORES NA MOOCA

"Eu sempre fico impressionada quando acesso um espaço verde denso e consistente no meio de São Paulo. Foi assim quando estive na horta da Terezinha, em São Mateus, e foi assim quando conheci cara a cara a Horta das Flores, na Mooca.

Enquanto a horta da Terezinha foi construída no linhão (área sobre as torres de transmissão de energia) por meio do sistema de comodato, a Horta das Flores fica dentro da praça Alfredo di Cunto, às margens da Radial Leste, em um lugar que parece ter vocação para o verde mas que, mais uma vez, está ameaçado.

Pois é, o pessoal que forma o Coletivo Horta das Flores está com abaixo-assinado e buscando abrir um diálogo com a prefeitura para que aquele lugar não vire um conjunto de prédios.

O terreno onde fica a horta faz parte de um dos lotes da PPP da Habitação (que prevê a construção de mais de 22 mil unidades habitacionais em toda a cidade voltadas para pessoas com renda entre 2 e 5 salários mínimos) e foi cedido à iniciativa privada por 20 anos.

Por mais que seja legítima e necessária a construção de moradias, o coletivo acha que a prefeitura pode usar outras áreas para este fim em vez de destruir um espaço verde já consolidado.

Eu concordo. Se existe a busca por uma cidade mais resiliente, capaz de enfrentar a emergência climática, precisa que essa seja uma cidade que valoriza e respeita os espaços verdes. Ainda mais um espaço que já existe há 15 anos e está mais do que consolidado.

E a Horta das Flores, mais do que ser um lugar com plantas e árvores, é um lugar de educação ambiental, função muito bem cumprida pela maioria das hortas urbanas.

Neste texto você pode ler mais sobre a Horta das Flores e tudo que acontece por lá!

Por isso, quando colocamos na pauta a discussão sobre a manutenção de um espaço verde como a Horta das Flores em detrimento à construção de moradias populares, não se trata de dizer que um é mais importante que o outro, mas sim de mostrar que todos têm sua importância.

E as hortas urbanas são muito mais do que produtoras de alimento. Ouso dizer que a produção de alimentos em si é a menor das funções de uma horta. É, na verdade, um caminho para mostrar às pessoas a importância da conexão com a natureza.

Algumas funções de uma horta urbana:

🌿 RESGATAR A CIDADANIA

Uma horta não é apenas um lugar de plantar. É, na verdade, um espaço para o exercício da cidadania. Em grupo, as pessoas precisam aprender a conviver, a tomar decisões, a serem responsáveis. Como diz a jornalista e ativista Cláudia Visoni, "uma horta oferece mais do que salsinha, cebolinha e PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais). É uma experiência republicana, política e cidadã. Estamos acostumados a querer que o estado resolva tudo, mas ele não resolve. Esse tipo de ocupação oferece a oportunidade de negociar, dialogar, desenvolver a resiliência".

🌿 MELHORAR O ESPAÇO URBANO

Quando um espaço é transformado em horta – seja em uma praça, parque ou mesmo na calçada – automaticamente ele acaba por trazer benefícios urbanísticos para aquele local. Se o lugar ficar mais legal e mais seguro, será mais difícil alguém mexer no que está funcionando. A horta vai ter apoiadores e, certamente, vai ter mais gente querendo aquele espaço do que não querendo.

Além disso, os mutirões e cuidados regulares levam uma ocupação saudável para o espaço e são capazes de o transformar. Um lugar usado pela pessoas é sempre mais seguro.

Tem ainda as questões ambientais relacionadas à cidade. Uma horta é mais um espaço verde e ajuda a combater ilhas de calor, a deixar o solo mais permeável, a umidificar o ar e a atrair biodiversidade.

🌿 AUMENTAR ÁREAS DE LAZER E CONVIVÊNCIA DISPONÍVEIS

Um espaço verde e saudável é um convite à convivência. Por isso, as hortas acabam por se transformar em lugares de encontro, de lazer, de prática de atividade física e, claro, de educação ambiental.

O simples estar na horta já ensina muito. "Muita gente vai na horta só pra colher, ou seja, continua no "esquema supermercado", sem entender o sistema de produção. Ainda assim, é uma reconexão, porque a pessoa vai ficando naquele lugar até voltar a colocar a mão na terra, ou observar a natureza, se encantar por uma borboleta, perder o medo das abelhas e dos insetos. E aí começa a se ver como parte daquilo. É uma mudança de olhar a partir de uma vivência que muitas vezes a gente nem tem mais percepção", diz Diego Ramos, criador do projeto Flores no Cimento.

Para ajudar a horta das flores a permanecer na praça Alfredo di Cunto você pode assinar o abaixo assinado e ainda compartilhar com outras pessoas!

Maisa"