FAMOSA GALERIA LAFAYETTE EM PARIS PEDIU CONCORDATA
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CAMPINAS/SP - DO JORNALISTA MARCOS OZORES
DIÁRIO DE PARIS, 18 DE FEVEREIRO, SÁBADO
‘Attention, Attention’ consumidores brasileiros e brasileiras de todas as regiões. Se vierem a Paris com listinha de compras de presente para família e amigos se preparem: as Galeries Lafayette entraram com pedido de recuperação financeira judicial ontem para facilitar as negociações das dívidas da empresa. Porém, os funcionários decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. Galeries Lafayette estão no topo da lista do símbolo do capitalismo francês. Fundada em 1893, por dois primos alsacianos, as Galeries Lafayette constituem na maior loja da Europa e a segunda do mundo atrás apenas da Macy’s, de Nova Iorque. A crise econômica devagarzinho vai chegando por esses lados. Só espero que o trio capitalista tupiniquim (Sucupira, Lehman e Telles) não estejam envolvidos de alguma maneira nesse escândalo financeiro que pegou de surpresa os consumidores daqui. Os que vierem para fazer compras leiam as noticias antes de se dirigirem para os lados do boulevard Hausmann onde está o complexo das lojas de fino trato.
Hoje Paris amanheceu com uma cor soturna, isto é, nuvens escuras no céu e a temperatura abaixou prá caramba com muito vento. E como hoje é sábado, é dia dos parisienses irem às compras. E hoje é dia de feira aqui no 14éme, no Boulevard Jordan, onde está situado a entrada da ‘Citè Universitaire’ e onde fica a Casa do Brasil e o parque de Montsouris. Fiquei decepcionado com o tamanho da feira desta vez. Diminuiu muito desde a três anos quando estive aqui a última vez. A crise pegou muita gente. Feira bem mixuruquinha mesmo. Também para quem está acostumado à feira da Rua Mato Grosso, atrás do cemitério da Consolação essa feira aqui não tá com nada. Meia dúzia de barracas e pouca oferta algumas frutas e a que mais gosto: clementinas. O que aqui tem nas feiras e em São Paulo tem pouco é comida de feira, comida mesmo não só pastel de japonês com garapa. A feira de hoje tinha comida da Polônia. Devo informar, no entanto, que as feiras do boulevard Raspail e Montparnasse são regalos para os olhos entre centenas de outras essa feira daqui perto do apê é que é ruim mesmo. Nas feiras você encontra comida farta, barata e gostosa. Se topar com uma delas nas suas caminhadas circule por dentro dela e compre seu almoço, sente-se num banco qualquer para degustar. Não vai se arrepender, além de ser bem barato.
Desta vez, como tinha pouca coisa que me interessava atravessei a rua – cortada pelos trilhos do bonde – e fui ao Lidl, a rede de supermercado mais barato desses lados de cima do Equador. No Lidl comprei um saco de clementinas (ahhhh) e outras cositas más. E, claro um maço de papoulas, afinal as que estavam aqui no apê, há uma semana, despediram-se da vida com um lindo ‘pas des deux’, hoje pela manhã.
Vindo pelo Boulevard Jourdan até encontrar a Gal Leclert entrei a direita para passar no Picard e comprar almoço por 4 euros. Ruas cheias e o que sempre me chama atenção nesse ‘quartier’ que fico é a mistura das etnias principalmente as africanas com suas roupas coloridas e sempre com muitas crianças. Andando pelas ruas aqui do bairro você tem a impressão de estar numa Babel pelo número de línguas e dialetos diferentes que você escuta no caminhar. Imagino que tenha sido assim em Sampa, no começo do século XX, quando hordas de imigrantes chegavam em busca de um futuro melhor que a Europa podia proporcionar naqueles tempos.
Cheguei em casa guardei as compras e deitei um pouco na cama para descansar da caminhada puxando o carrinho com os produtos comprados. Como o janelão do quarto só fica só com a cortina me senti o próprio James Stewart em ‘Janela Indiscreta’, de Hitchcock, com a câmera em punho tentando descobrir a vida do vizinho do apartamento da frente. Como acho que já comentei com voces o apê aqui dá para um ‘cour’, isto é, todo o fundo são prédios com distância razoável uns dos outros o que possibilita um silêncio absoluto e sensação de paz. Pois hoje fiquei vendo um senhor de idade e uma criança na varanda do fundo do apartamento da frente cavoucando flores nos vasos. Me senti o próprio Jeff Jefferies (Stewart) imaginando que o senhorzinho havia cometido um crime. Estava eu já me imaginando o fotografo com viés de detetive particular quando ouvi alguém me chamar. Não era a Grace Kelly, mas a Wilma me chamando para dizer que o almoço estava pronto.
Amanhã tem mais.
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