CAMPINAS/SP


Durante anos, os defensores da saúde da mulher argumentaram que muito mais pesquisas são necessárias sobre o corpo e a saúde das mulheres. A primeira “vagina em um chip” do mundo, recentemente desenvolvida no Wyss Institute for Biologically Inspired Engineering de Harvard, pode ajudar muito a fazer isso acontecer.

“A saúde da mulher não tem recebido a atenção que merece”, diz Don Ingber, MD, PhD, que liderou a equipe que criou o chip da vagina. O avanço rapidamente chamou a atenção da mídia depois que foi relatado na revista Microbiome no final de novembro. Mas os pesquisadores esperam mais do que manchetes. Eles veem o chip como uma forma de facilitar a pesquisa sobre saúde vaginal e abrir as portas para novos tratamentos vitais.

Até agora, você deve ter ouvido falar de “órgãos em chips”: pequenos dispositivos do tamanho de um pen drive projetados para imitar a atividade biológica dos órgãos humanos. Essas lascas de vidro contêm células humanas vivas dentro de ranhuras que permitem a passagem de fluido, para manter ou interromper a função das células. Até agora, Ingber e sua equipe no Wyss Institute desenvolveram mais de 15 modelos de chips de órgãos, incluindo chips que imitam o pulmão , intestino , rim e medula óssea .

Causas e sintomas de secura vaginal
O estrogênio ajuda a manter a parede vaginal lubrificada, portanto, uma queda nesse hormônio pode causar ressecamento.


A ideia de desenvolver um chip vaginal surgiu de uma pesquisa, financiada pela Fundação Gates, sobre uma doença infantil chamada disfunção entérica ambiental, uma doença intestinal mais comumente encontrada em países com poucos recursos, que é a segunda principal causa de morte em crianças menores de 5 anos. ... Foi quando Ingber descobriu o quanto o microbioma da criança influencia essa doença.

A partir desse trabalho, a Fundação Gates voltou sua atenção para a saúde do recém-nascido - em particular, o impacto da vaginose bacteriana, um desequilíbrio na composição bacteriana da vagina. A vaginose bacteriana ocorre em 1 em cada 4 mulheres em todo o mundo e tem sido associada ao parto prematuro, bem como ao HIV, persistência do HPV e câncer cervical.

Ao estabelecer o Consórcio de Pesquisa do Microbioma Vaginal, a fundação pediu a Ingber que projetasse um chip de órgão que imitasse o microbioma da vagina. O objetivo era testar “produtos bioterapêuticos vivos”, ou micróbios vivos como probióticos, que poderiam restaurar a saúde do microbioma da vagina.

Nenhum outro modelo pré-clínico existe para realizar testes como esse, diz Ingber.

“O chip da vagina é uma forma de ajudar a fazer alguns avanços”, diz ele.


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