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FRANÇA EXTINGUE TAXA DE RADIODIFUSÃO PÚBLICA  


A AGÊNCIA DE NOTICIAS E EDITORA CLICKNOTICIA assumiu, a partir de 2021 as funções que desde 1996 a Comunicativa atuava no mercado de comunicação com características próprias de Agência de Notícias e Editora. Assim, também como agência e editora, a CLICKNOTICIAS se propõe a levantar informações de interesse jornalístico, na macro região de Campinas, espontaneamente ou por demanda para difundí-las através do site www.clicknoticia.com.br. Como Editora ela coloca à disposição de instituições públicas ou privadas o seu corpo de profissionais para produção de publicações jornalísticas em todas mídias disponíveis. Ao conhecer a empresa e suas necessidades no setor de comunicação, podem ser sugeridas ferramentas através da elaboração de um Plano de Comunicação, incluindo jornal para os funcionários, publicações institucionais ou específicas para os clientes, produção de conteúdo para sites, criação de hubs e sites responsivos, entre outras. Esse trabalho é pautado por critérios profissionais e éticos acim a de tudo. A Comunicativa Assessoria e Consultoria Jornalística foi criada como prestadora de serviços jornalísticos em abril de 1996 em função da demanda de profissionais capacitados para interrelacionar o segmento corporativo e os veículos de comunicação jornalística. Fone/WS: (19) 987-835187 - (19) 99156-6014


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CAMPINAS/SP

DO JORNALISTA MARCOS OZORES
DIARIO DE PARIS
06 DE MARÇO DE 2023, SEGUNDA-FEIRAS



Bons dias a todas e todos aqui desse espaço desse mundo Glocal (global +local). Como aos sábados nosso senhor Jesus Cristinho gosta de ver todo mundo bem, já no domingo é diferente e eu descanso. E ontem decidi não sair do apê para ir ao concerto dominical de piano na igreja de Saint-Merri. Nossa amiga Maria Lucia, da UFJF está passando sua temporada anual na cidade e veio jantar aqui no apê em companhia de sobrinha, recém-chegada de Sampa. Daí ficamos para organizar jantar e reunir as três sobrinhas: a nossa por consanguinidade e sua amiga e Adriana, sobrinha de Lucinha. Jantar mezzo a mezzo. Mezzo italiano e mezzo francês. Salada, macarrão (com molho feito aqui pelo chef), vinhossss, queijos excelentes (que Lucinha comprou no Marché d’Aligre, no 11éme, o melhor da cidade) e prosa até as 23H55, faltando 5 minutos para Cinderela partir, não virar abóbora e dar tempo para que Lucinha e Adriana pegassem o ultimo metrô da linha 4. Aliás, Paris, diferentemente do que se imagina é uma cidade que dorme cedo (essa coisa de festa até altas horas é para os Bobôs do 16éme - não é bobo como no Brasil - mas isso é outra história), os horários da vila são regidos pelo horário do transporte público. Dos muitos amigos e amigas que trabalham na universidade por aqui se contam nos dedos de uma mão aqueles proprietários de um automóvel. Se vão viajar alugam, na grande maioria, ou o mais prático, vão de trem.
Hoje, pela primeira vez, visitamos o prédio sede da Radio France Internacional em Issy-les-Molineaux cidade conurbada a Paris, 2 ou 3 km distante da Péripherique que é a rodovia que circunda toda Paris onde, até o final da II Guerra, ainda haviam resquícios da antiga muralha.
Wilma foi convidada a dar entrevista para a RFI e falar sobre seu novo livro que está no prelo, pela Editora da Unicamp, e tem como tema o ‘carnet de voyage’ de Afonso Taunay, sim o filho do Visconde que foi o recriador do Museu Paulista, ou melhor do Museu do Ipiranga. Foi oportunidade para que eu pudesse profissionalmente conhecer esse prédio por dentro.
Conforme o táxi que foi nos buscar (oferta da RFI) saiu da Péripherique, na região sudoeste de Paris, pela D50, a imagem que você se depara é uma ilha de prédios envidraçados e imensos sedes de redes televisivas e mídias digitais. Pelo trajeto você vai deparando com a sede da TF1, FDJ (loteria do país com canais de corridas de cavalos e mais um bocado de coisas. Aqui tem loteria que corre de dez em dez minutos), Sport TV, Apple, Google, Microsoft etc etc etc etc...
A Radio France Internationale sempre foi um braço da Radio France, mas, passou ter vida independente a partir de 1987 tendo orçamento próprio garantido pelo imposto do áudio visual (imposto que todo cidadão paga anualmente para uso da TV e meios de comunicação em geral). A RFI faz transmissões atualmente em 18 línguas e conta mais ou menos com uns 70 estúdios, é o que pude deduzir já que a gravação foi no quinto andar e o estúdio que entramos (eu como ouvinte) era numero 55. O andar que estávamos era redação do Vietnã e, como em todas as redações, que conheci ao longo da minha vida, a bagunça ou ‘gabunça’, como diz meu sobrinho neto, é a mesma. E é a mesma desde que seu pai assistiu ‘Todos os Homens do Presidente’ estrelado por Robert Redford e Dustin Hoffman. Pilhas de papéis e gente falando no telefone. O que não tem mais é aquela fumaça de cigarro, típica dos anos 70, 80, 90 quando ainda trabalhava nas redações e fumava quatro maços de cigarros por dia, não é exagero, é verdade. Ainda bem que parei de fumar há 35 anos, caso contrário, vocês não estariam lendo esse meu diário.
Não preciso dizer que a RFI é como se você estivesse no supermercado ‘Lidl’ - a rede mais barata e popular da cidade – uma Babel linguística.
A redação do Brasil tem dez jornalistas contratados e dois ou três ‘free lancers’. Adriana, jornalista há 16 anos na RFI, formada na federal de BH, foi quem nos recebeu e comanda a redação. Por incrível que pareça a redação dos coleguinhas de Pindorama era a única que não vi um papel em cima da mesa e até fui jocoso com o pessoal.
Faço aqui um breve comentário após conversa com os coleguinhas da RFI. A promessa de campanha para o segundo mandato do novo ‘petit Napoleon’ de acabar com vários impostos – nessa saga neoliberal que assola o mundo – foi aprovado pelo Senado no final de 2022.
Foi extinta a contribuição para a radiodifusão pública (CAP ou taxa de licença de TV) que financiava parte do orçamento da France Télévisions, Radio France, INA, Arte France, TV5 Monde e France Médias Monde (France 24, RFI, Monte Carlo Doualiya). Este imposto era de 138 euros por domicílio fiscal na França continental e 88 euros no exterior, cobrado pela administração de telespectadores e profissionais privados (restaurantes, hoteleiros, operadores de bares, etc.), e transferido para estações públicas de rádio e televisão . A sua receita representa 3,14 bilhões de euros. Será abolido este ano. Será substituído por uma fração dos 92 bilhões de euros que o IVA traz ao Estado. O desaparecimento da taxa coloca a radiodifusão pública numa zona de incerteza, para o futuro próximo.
Lembro quando eu dirigia as gravações do programa ‘Brasil Pensa’ - produção da Unicamp e Uniemp - na TV Cultura, quando Mário Covas, eleito governador, decidiu acabar com apoio a TV Cultura retirando parte do orçamento garantido no orçamento do Estado e dando em contra partida uma falsa autonomia para busca de anúncios. A força da Cultura era o departamento de educação e criatividade responsáveis pela produção do Castelo Ra-Tim-Bum o mais premiado programa da TV brasileira pelo mundo, na sua área. O departamento foi extinto em um ano após a politica neo liberal do engenheiro e a Cultura não produziu nada mais de relevante.
Finda visita, o táxi – oferta da RFI – nos esperava para trazer de volta ao 14éme. No caminho da volta registrei - em fotos para que voces vejam - que Paris, não é só aquela que os turistas encontram na região central. Aquela é a Paris reconstruída pelo Napoleãozinho e seu fiel escudeiro, o Barão de Hausmann. A Paris das fotos de hoje mostram uma cidade com arquitetura moderna e contemporânea mesclando - nos bairros distantes do centro (me ajuda ai Falcoski) - prédios imensos, envidraçados e uma arquitetura - às vezes de gosto duvidoso – que convivem com prédios construídos pelas leis ‘hausmanianas’.
Por fim o táxi passou em frente a Tour Eifel já que todo esse tempo que estou aqui, nas terras de Jean Moulin, não tinha vindo para esses lados, sempre cheios de turistas.
Bem, pedimos para o taxista no deixar “au pied du Lion de Denfert Rocherau” e fomos almoçar na Rue Daguerre. Afinal, já eram 14H30 e o estômago começava a emitir sinais estranhos. Na volta parei num café e fiz uma fezinha na euro milhões, acumulada em quase 150 milhões de euros. Se na quarta não voltar a escrever aqui a voces é porque fui para Pasárgada.
Amanhã tem mais.
 

 
 
   
   
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