"Pelas Curvas da América", sozinho

Lembrar Che Guevara em sua viagem sobre a “La Poderosa” acompanhado do amigo Alberto Granado é quase obrigação quando se fala em expedição sobre motos. Rodrigo Ventura, porém, vai mais fundo: “Respeito muito o feitos deles, mas eu prefiro mesmo é viajar sozinho”. Por isso sua aventura está sendo chamada de Expedições Solitárias. Isto mesmo, no plural porque ele já tem uma no currículo, bem mais curta mas importante o suficiente para despertar definitivamente o gosto e o interesse. “Fui do Rio de Janeiro a Buenos Aires, na Argentina e narrei a experiência em livro. Agora o desafio é muito maior, afinal vou rodar durante quase 13 meses e enfrentar situações muito mais difíceis como o rigoroso inverno do sul”.

A mãe, Márcia Maia, chorou na despedida e o pai, Ivar Alves, estimulou não sem demonstrar muita apreensão. Do Rio ele foi direto para Trindade, uma praia no litoral carioca que o deixou com muita vontade de ficar lá para sempre. “Foi delicioso dormir e acordar ao som das ondas com o mar de frente para a minha barraca. Andei o tempo todo apenas de calção de banho. Deixar Trindade foi duro”. Mas o compromisso com patrocinadores da viagem, entre eles a ABRAM – Associação Brasileira dos Motociclistas – o fez montar na Tornado amarela de 250cc, da Honda e seguir para São Paulo onde no dia 29 participa de coquetel oferecido pela entidade para marcar o início da expedição “Pelas Curvas da América”, cruzando ao todo 13 países.

Claro que para seguir rumo à capital do estado de São Paulo ele só poderia decidir fazê-lo pelo litoral. “Parece brincadeira mas a Rodovia BR 101 – Santos/Rio – está muito melhor do que quando fiz a viagem para a Argentina há mais de um ano. E de Caraguatatuba em diante, pelas Rodovias Tamoios, Carvalho Pinto e Dom Pedro, foi só alegria”. Ele bem que podia seguir direto pela Carvalho Pinto até São Paulo mas uma bióloga carioca, fazendo doutorado na Unicamp, o obrigou a entrar pela Dom Pedro até Campinas onde chegou no sábado dia 23.

Na Cidade das Andorinhas, além de curtir a namorada Carolina Borges ele aproveitou para rodar por lugares conhecidos e outros nem tanto. Passou pelo monumento túmulo de Carlos Gomes e curtiu uma noite, na companhia dela no Tonico’s Boteco ao som do grupo Argonautas. Além disso foi obrigado a vestir toda a roupa apropriada para a viagem na gravação de entrevista para a Rede Bandeirantes de Televisão em plena Rodovia Magalhães Teixeira.
Na garupa, um mochilão coberto com a bandeira do Brasil.

“Foi realmente muito bom passar por aqui. Além de rever e matar a saudade dela, conheci gente e lugares que certamente se tornarão personagens e cenários do meu relato ao final da Expedição. E, certamente espero rever estas pessoas e lugares na minha viagem de volta lá pelo mês abril de 2008”.

Na saída de Campinas não podia faltar o depoimento de despedida: