Opinião: AMOR AO PRÓXIMO EXCLUI HIPOCRISIA
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Daniel Santos é jornalista carioca, 55 anos. Trabalhou como repórter e redator nas sucursais de "O Estado de São Paulo" e da "Folha de São Paulo", no Rio de Janeiro, além de "O Globo".
Publicou "A filha imperfeita" (poesia, 1995, Editora Arte de Ler) e "Pássaros da mesma gaiola" (contos, 2002, Editora Bruxedo). Com o romance "Ma negresse", ganhou da Biblioteca Nacional uma bolsa para obras em fase de conclusão, em 2001. Atualmente publica crônicas semanais no site do Comunique-se.
Contato: daniel_santos2002@hotmail.com
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Dia desses, durante culto evangélico num certo país africano, o pastor distribuiu preservativos entre os fiéis, tamanha a preocupação com a epidemia de aids no continente, onde a informação sobre o mal e o tratamento de soropositivos quase inexistem; daí, o avanço do contágio.
De uma só tacada, o tal pastor mostrou que o amor ao próximo exclui hipocrisia e que o combate a doenças sexualmente transmissíveis podem, sim, confundir-se numa só oração, sem que as entidades divinas ruborizem-se ou excomunguem quem se preocupa com a saúde dos seus.
Bem diferente foi a postura do papa Bento XVI que, em recente passagem pelo nosso país, voltou a condenar o uso de preservativos entre jovens, aos quais pediu castidade... como se fosse possível pedir tamanho sacrifício a quem não tem outra saída, senão obedecer aos hormônios.
A mídia não ousou criticar essa postura católica e preferiu realçar o carisma do papa, além de dar detalhes e mais detalhes sobre suas roupas, alimentação, preferências pessoais, etc, o que seria até compreensível num Caderno B de hoje em dia, mais afeito a futilidades do que à cultura.
Entre o comportamento evangélico e o católico, vai uma grande diferença. Enquanto o pastor enfrenta o problema, Bento XVI ignora sua virulência. Ainda por cima, lamenta a crescente perda de fiéis! Mas é isso: as pessoas vão para quem as escuta e compreende. Simples assim.
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