Há quem tenha a língua sempre ferina para criticar os demais mas, se criticado, esse tal se abespinha, se enfeza, se empola de asperezas, com habilidade para convencer a quantos queira de estar sendo perseguido.
A partir desse convencimento, ele dispõe à sua volta um esquema de segurança que o preserva imune a críticas. Daí em diante, poderá dizer o que quiser de qualquer um e logo vai se impor como árbitro de todos.
Esse talento temperamental caracteriza algumas pessoas e também alguns governos; o nosso, por exemplo. A criação de uma tevê oficial e a ameaça de censura não revelariam um temor incompreensível à crítica?
Mas o desconforto oficial, longe de mera defesa, revela o desejo de tapar o sol com a peneira. Afinal, sem argumentos minimamente convincentes desde o escândalo dos “mensaleiros”, o governo se retrai.
Ele não olha para a própria cauda e despreza autocrítica. Com isso, passa a acreditar, mentira após mentira, que só os outros têm defeitos. Até Roberto Carlos deixou-se convencer, ao proibir uma biografia sua!
Caminhamos, assim, para um Estado de idiotia que diz nada saber ante evidências que o denigrem. Cabe à Imprensa sem censura denunciar, e não só para esclarecer o povo, mas para garantir a saúde democrática.