Letícia Zakia e João Paulo Carrara
Durante o verão e por conta de uma maior incidência de chuvas, aumenta também a preocupação a respeito da dengue. Porém, engana-se quem acha que o trabalho de prevenção é feito só nas estações quentes. “O trabalho da vigilância sanitária é realizado ao longo de todo o ano, com monitoramentos e visitas periódicas, além de arrastões de limpeza”, conta o supervisor de Controle Ambiental, Ricardo Marcondes, que atua na região do Costa e Silva e Santa Genebra.
“No verão, ficamos mais alertas. Tivemos um caso em dezembro, mas os criadouros já foram retirados e a área está bem monitorada”, aponta a Kika Mader, supervisora de controle ambiental do Taquaral.
Ricardo trabalha com uma equipe de 32 agentes de saúde e Kika, com 10. Eles explicam que são responsáveis por vistoriar todos os imóveis das regiões de cobertura. “Uma casa que não conseguimos acessar pode comprometer o trabalho de todo um quarteirão”.
A cada dois meses é realizado o trabalho de medição do índice de Breteau, que analisa a intensidade de larvas do Aedes Aegypti em 5% dos imóveis de cada quarteirão. E, mensalmente, ajudantes de controle ambiental fiscalizam pontos de risco – borracharias, ferro velhos, oficinas – e imóveis especiais com grande circulação de pessoas, como escolas, igrejas e shoppings.
De acordo com a agente comunitária de saúde, Luciane Gallo, do Centro de Saúde do Taquaral, não há na região algum ponto que demande mais atenção por parte da saúde pública, pois o monitoramento é realizado em toda extensão territorial. “Nossa maior preocupação são os criadouros de mosquito em locais que não ficam à vista das pessoas, que podem ser caixas d’água, lajes, calhas, e ralos. Muitas vezes o morador acha que está livre do mosquito, mas o foco pode estar em um ponto que ele não vê”, alerta.
Um grande problema são as caixas d’água. “Muitas pessoas pensam que por ela estar no forro, não precisam de cobertura, mas é um grande erro, pois desta forma, torna-se um criadouro em potencial”, comenta Ricardo.
Prevenção e atuação
Quando há suspeita de foco de dengue em uma residência, todo o quarteirão também passa por vistoria. “Visitamos cada residência, ou comércio, colhemos amostras e identificamos focos em potencial”, esclarece Luciane. Se for confirmado um caso efetivo da doença, a busca passa ser, além de criadouros, por moradores que possam apresentar sintomas de contaminação. “Qualquer morador que esteja com dor de cabeça, febre ou manchas pelo corpo, é convidado a fazer um exame de sangue. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, maior a chance de cura”, explica. Além disso, é importante que as pessoas que apresentem os sintomas não se mediquem com remédios que contenham ácido acetilsalicílico (também conhecido como AAS) na fórmula.
Além de ter os cuidados tradicionais para combater a dengue, os moradores podem fazer denúncias anônimas caso suspeitem de algum possível criadouro, por meio da Central de Relacionamento da Prefeitura de Campinas, no telefone 156.
Situação epidemiológica
Campinas registrou em dezembro 12 casos de dengue. Os casos suspeitos de janeiro ainda aguardam confirmação laboratorial pelo Instituto Adolfo Lutz.
Em 2008, foram 249 ocorrências confirmadas de janeiro a novembro, uma
redução de mais de 97% em relação ao ano de 2007, quando foram mais de 9,2
mil.
A redução se deve à mudança na estratégia de controle no município. O Programa de Controle da Dengue de Campinas foi aprimorado e passou a ter como princípios a busca de articulações intersetoriais com meio ambiente, educação, justiça, gabinete do prefeito, infraestrutura, entre outros, e a orientação à população para cuidar de seus ambientes.
Segundo a Vigilância em Saúde municipal, o enfrentamento de uma doença como a dengue, complexa, impõe ações intersetoriais coordenadas para além do setor saúde e uma forte participação cidadã.
E o trabalho precisa ser em caráter contínuo. Segundo o secretário de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, a redução no número de casos em Campinas é bastante significativa e revela o resultado de esforços de toda equipe de saúde e do Governo Municipal que se empenhou no reforço das estratégias de controle, nas ações de comunicação, informação e mobilização social, na mobilização de todos os setores da Prefeitura, na capacitação das equipes de saúde e na avaliação e acompanhamento dos trabalhos.
Por outro lado, segundo o secretário, a redução indica a importância de se manter a vigilância permanente contra o Aedes aegypti, transmissor da dengue. "Vencemos uma batalha, mas a guerra não está ganha", alerta José Francisco Saraiva.
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