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O norte-americano radicado no Brasil, Bruce Henri

A CPFL Cultura inicia sua programação 2009 em Campinas com a série de música erudita contemporânea Viva Villa Hoje, que tem curadoria do jornalista e crítico musical João Marcos Coelho e apresentará variações livres e atuais em torno de Villa-Lobos. As apresentações acontecerão aos sábados, sempre às 20h, na CPFL Cultura em Campinas (Rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632 – Chácara Primavera).

“Como ele agiria hoje ao capturar as mil e uma fontes sonoras que nos rodeiam? Vestir-se de Villa-Lobos, assumir sua largueza infinita na prática da liberdade. Construir, com fragmentos, um novo Villa, nem erudito nem popular. Ou melhor, erudito e popular, numa ultrapassagem dialética desta oposição que gera uma música sem adjetivos. Profundamente atual. Que olha para o futuro. E o que é melhor, essencialmente brasileira”, adianta o curador sobre a série.

João Marcos Coelho trabalhou na Folha de S. Paulo e foi crítico musical da Folha, Veja, Isto É e O Estado de S. Paulo. Editou a revista Diapason - Temporada Brasil 2006, apresenta há quatro anos o programa O que há de novo, na Radio Cultura FM de São Paulo. É articulista do Caderno 2, de O Estado de S. Paulo, e colaborador do suplemento Eu & Fim de Semana, do jornal Valor Econômico, e da revista Concerto. Autor do livro No Calor da Hora - música e cultura nos anos de chumbo (Editora Algol, 2008).

A primeira apresentação de Viva Villa Hoje será “Villa’s Voice”, com Bruce Henry Quarteto. Participarão ainda dos encontros seguintes: Grupo Sǒnax, em “Villa-Lobos Landscape”; Daniel Murray (violão e manipulação eletrônica) e Joaquim Abreu (percussão), em “Villa em Movimento”; e Projeto B, em “A Sagração segundo Villa”.

Todas as apresentações têm entrada gratuita, com distribuição de ingressos no local, uma hora antes de cada apresentação. A CPFL Cultura em Campinas fica na rua Jorge Figueiredo Corrêa, 1632, bairro Chácara Primavera. Mais informações no site www.cpflcultura.com.br ou pelo telefone (19) 3756-8000. Veja programação completa:

7/3 - 20h
“Villa’s Voice”
Bruce Henry Quarteto

O quarteto do experiente contrabaixista norte-americano radicado no Brasil há bastante tempo não só relê como improvisa de modo livre sobre algumas das obras de Villa-Lobos. E contracena no palco com uma trilha visual projetada pelo videomaker Paulo Severo - além das imagens projetadas no telão, minicâmeras focam cada um dos músicos. Intercalam-se, desse modo, momentos de solos dos músicos com as imagens e videodança. "Villa´s Voice" é também um CD do selo carioca Delira Música que está sendo lançado nacionalmente e com exclusividade nas apresentações da CPFL Cultura em Campinas e em São Paulo.

Bruce Henry Quarteto:
Leo Ortiz (violino)
Fernando Moraes (piano)
Bruce Henry (contrabaixo)
Ricardo Costa (bateria)

Audiovisual: Paulo Severo

Programa

Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Prelúdio N°3
Cair da tarde
Pequena Suite (1913)
Legendaria
Fugato all’antica
Melodia
Cancão do amor
Tristorosa
Melodia sentimental
O canto do cisne negro
Veleiros

14/3 - 20h
“Villa-Lobos Landscape”
Grupo Sǒnax

Criado especialmente para o módulo Viva Villa Hoje, esse projeto inédito passeia, numa suíte, interligando peças musicais a partir de “New York Skyline”, de Villa-Lobos. Sua proposição composicional é gráfica: Villa faz um travelling musical em que o eixo temporal se desloca, revelando o eixo das alturas que, por sua vez, é determinado pelos edifícios da cidade. Embora a linha do horizonte da cidade de Nova York e seus arranha-céus forneçam material para a composição da melodia, o caráter da peça está longe de ser a sonoridade vivente na então efervescente metrópole americana, no sentido dos ruídos urbanos que influenciaram Edgar Varèse, ou mesmo alguma incidência jazzística, ou ainda, quem sabe, a inventividade despojada de Charles Ives. Villa-Lobos mira a cidade norte-americana, mas a enxerga afundado e ensimesmado na cultura nacional brasileira. Cria, assim, seu postal. E o conflito entre o deslocamento e o enraizamento cultural acontece, no caso desse espetáculo, num devaneio musical em que serão apresentados trechos de suas obras, memórias, falas e gravações processadas em tempo real, assim como releituras do que seria a sonoridade da cidade nova-iorquina.

Grupo Sǒnax:
Marco Scarassatti
Nelson Pinton
Marcelo Bomfim
Paulo Freire – convidado

Instrumentos: piano, piano preparado, conjunto de instrumentos criados pelo grupo Sǒnax, viola de 10 cordas, violão, violão microtonal, sanfona, flautas, além dos processamentos eletroacústicos em tempo real.

Vídeo: Fernando Lamanna

Concepção do projeto e direção geral: Marco Scarassatti
Direção musical: Marco Scarassatti e Nelson Pinton

Programa

Marco Scarassatti (1971) e Nelson Pinton (1974)
Villa-Lobos Landscape
Quatro peças interligadas

21/3 - 20h
“Villa em Movimento”
Daniel Murray - violão e manipulação eletrônica
Joaquim Abreu – percussão

“Vivemos em movimento. Talvez possamos dizer: o movimento é a própria vida. Os sons se movimentam, a arte é movimento. A necessidade do novo partiu de João Marcos Coelho. A partir de um brainstorm chegamos ao programa que hoje será escutado pela primeira vez. Seria a mensagem do Villa movimentar a sua própria existência como músico absorvendo tudo que estava ao seu alcance e devolvendo de uma maneira original e brasileira? Pela necessidade de movimento da própria vida e do universo, criamos e recriamos as coisas. Se procuramos a antimúsica e achamos música, não há escapatória. Há música em tudo! Descobrir fica para o talento da observação, e dele tudo que já está surge. Precisamos vislumbrar a probabilidade de existências desconhecidas. Tudo é de todos e nada é de ninguém.”
(Daniel Murray)

Daniel Murray
Premiado aos 15 anos de idade em concurso internacional na França, formado em música pela Faculdade Santa Marcelina, desenvolve carreira internacional como solista e camerista. Atualmente exerce as atividades de compositor e arranjador. Faz parte do Trio Opus 12, com Paulo Porto Alegre e Edelton Gloeden, e do Núcleo Hespérides - Música das Américas e forma também um trio com Paulo Bellinati e Israel de Almeida.

Joaquim Abreu
Iniciou seus estudos musicais na ECA-USP, com Cláudio Stephan, e teve aulas particulares com John Bouldler. Foi bolsista do governo francês e obteve os diplomas de percussão e música de câmara no Conservatório Nacional da Região de Strasbourg. Participou de concertos promovidos pela Orchestre Philarmonique de Strasbourg e da L’Ópera du Rhin, e da estréia da última ópera de Olivier Messiaen, “Saint François D`Assis”, como percussionista da orquestra L`Opera de Paris, regida por Seiji Osawa, em Paris (1984). É membro do Núcleo Hespérides - Música das Américas.

Programa

Antonio Ribeiro (1971)
Violens Ironiae, para violão e tape (1996-97)

Silvio Ferraz (1959)
Ladainha, para violão solo ou violão e live electronics (2007)*

Heitor Villa-Lobos (1887- 1959)
Prelúdio n 4
Estudo n 11
Improviso-homenagem

Astor Piazzolla (1921-1992)
Tango Suite
versão para violão e marimba (allegro)

Sergio Kafejian (1967)
In Harmônica, para violão e sons digitais (2007)*

Flo Menezes (1962)
Quaderno 2005**, para marimba e live electronics.
versão para violão e live electronics (2007).

*dedicada a Daniel Murray
** versão para violão dedicada a Daniel Murray

28/3 – 20h
“A Sagração segundo Villa”
Projeto B

Em sua primeira viagem a Paris, em 1923, Villa-Lobos encontra uma cidade onde Debussy - uma de suas grandes inspirações - já não é mais vanguarda e artistas e intelectuais da efervescente capital francesa voltam seus olhos e ouvidos aos compositores russos - como Igor Stravinsky -, que fazem música original, moderna e de caráter nacionalista. Nesse espetáculo especialmente concebido para o módulo "Viva Villa Hoje", o Projeto B explora as experiências de Villa-Lobos a partir de sua primeira ida a Paris e seu contato com a música de Igor Stravinsky. Mesmo antes ele já demonstrava influências da música que acontecia em Paris naquela época, como "A Bruxa", da série "Prole do Bebê". Já em Paris, Villa-Lobos compõe o "Choro Nº2" e em sua volta ao Brasil, em 1925, termina o "Choro Nº5 - Alma Brasileira". As influências européias sempre voltam a fazer parte de suas obras, como nos doze estudos para violão escritos para Andrés Segovia, por exemplo.

Projeto B
Yvo Ursini - guitarra e arranjos
Leonardo Muniz Corrêa - sax-alto, clarineta e arranjos
Amilcar Rodrigues - trompete, cornet e flugelhorn
Henrique Alves - baixo
Mauricio Caetano - bateria
Vicente Falek - piano e arranjos

A adaptação de obras de mestres da música erudita do começo do século XX é um trabalho que o Projeto B desenvolve desde 2004, registrado em seu primeiro CD, Andarilho, com a adaptação e desenvolvimento de "St. Gaudens in the Boston Common", de Charles Ives; e no seu segundo, A Noite, com "Rondes Printanière", trecho de "A Sagração da Primavera", de Stravinsky. O grupo faz adaptações inusitadas por meio da instrumentação, releitura de dinâmicas, elaboração de improvisos e mescla de diferentes tendências da música instrumental contemporânea.

Programa

Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
Prole do Bebê nº2 - A Bruxa
Choro nº2
Choro nº5 – Alma Brasileira
Estudos para violão n°8 e n°12
Saudades das Selvas Brasileiras
Rondes Printanières
Danses des Adolescentes