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ALERTA PARA LEISHMANIOSE EM CAMPINAS
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O Jornal ALTO TAQUARAL é uma publicação independente, que hoje circula apenas na versão ON LINE mas já circulou mensalmente na região do Alto Taquaral em Campinas (SP). Com tiragem de 15 mil exemplares, sendo entregue de porta em porta para os moradores de 154 condomínios de casas e apartamentos e outros 51 locais de distribuição.
Era impresso no formato berliner, em papel couchet com oito paginas coloridas e é impresso em sistema off-set. Seu conteúdo é produzido com reportagens locais e focadas em temas de interesse das populações destes bairros. Os fatos que ocorrem no período entre as edições impressas são noticiadas no www.jornalaltotaquaral.com.br
Editores: jornalistas Gilberto Gonçalves e Cibele Vieira
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Mosquito Lutzomyia longipalpis, conhecido como "Birigui", transmite a doença do cão para o homem
A leishmaniose visceral canina é uma doença provocada pelo protozoário Leishmania chagas , que é transmitido através da picada do mosquito Lutzomyia longipalpis contaminado. A doença que afeta o homem e os animais, particularmente o cão doméstico.
Um possível foco de Leishmaniose Visceral Canina está sendo investigado na Vila Costa e Silva, bairro situado entre Santa Genebra e Alto Taquaral, em Campinas/SP, depois da confirmação, em janeiro, de um cão infectado em um condomínio naquela região. A Leishmaniose Visceral é parasitária, de evolução rápida, considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, pois está presente em 21 estados, registrando nos últimos anos uma média anual de 3.357 casos humanos e 236 óbitos.
Em Campinas é o segundo caso registrado nos últimos três meses (o primeiro foi na região de Sousas). Até o final de 2009 o município era considerado epidemiologicamente silencioso em relação à doença.
Veja o que dizem os médicos responsáveis pelo caso: Douglas Presotto, médico veterinário e coordenador técnico do Centro de Controle de Zoonoses e Rodrigo Angerami, médico infectologista da Vigilância em Saúde de Campinas.
JAT:Qual a gravidade desta doença?
Douglas Presotto: Leishmaniose visceral americana é uma zoonose parasitária, causada pelo protozoário leishmania cagasi, ou seja, uma doença transmissível ao homem. A l. Chagasi é um parasita intracelular obrigatório que, uma vez no hospedeiro vertebrado (animais silvestres, como gambá, cachorro do mato, cães e o homem), penetra em células do sistema imunológico (macrófagos), onde se multiplica, causando a destruição dessas células, que estão espalhadas pelo organismo, mas principalmente em órgãos como fígado, baço, linfonodos e medula óssea. É uma doença de evolução crônica e muito grave. A mortalidade entre pacientes humanos não tratados chega a 90%. Entre os tratados, pode chegar a 10%. É uma doença de transmissão vetorial, ou seja, transmitida por inseto vetor, o mosquito palha ( lutzomyia longipalpis,), onde o parasita passa obrigatoriamente uma parte do seu ciclo, não é transmitida diretamente do cão doente a outros cães ou ao homem.
Rodrigo Angerami: Tanto na forma canina quanto humana, a doença figura como potencialmente grave, podendo, inclusive, levar à morte quando não diagnosticada e tratada oportunamente.
JAT: O que essa doença provoca no animal e suas consequência em seres humanos?
Douglas Presotto: A doença é extremamente grave nos cães, com o desenvolvimento de sintomas cutâneos (descamação, perda de pêlos, feridas no focinho, orelhas e no corpo), sintomas oculares (ceratoconjuntivite, uveíte), sintomas renais (insuficiência renal por fenômenos imunológicos), pneumonia, gastroenterite, aumento do fígado, do baço e dos linfonodos, alterações na medula óssea, com anemia, trombocitopenia (levando a hemorragias), linfopenia (diminuição dos glóbulos brancos, levando a infecções secundárias por imunossupressão). Evoluí de forma bastante grave, levando ao óbito, com grande sofrimento para o animal.
No homem não acontece, em geral, os sintomas cutâneos, mas o envolvimento visceral é bastante grave, como hepatomegalia (aumento do fígado), esplenomegalia (aumento do baço), aumento dos linfonodos, lesão da medula óssea, febre.
Rodrigo Angerami: Em humanos, na fase inicial a doença se manifesta com sintomas pouco específicos, que incluem fraqueza, falta de apetite, febre, tosse seca, palidez, aumento do baço e do fígado. Com a progressão da doença, existe emagrecimento significativo, aumento do volume abdominal, intensificação do aumento do baço e do fígado, anemia, hemorragias, maior susceptibilidade a infecções bacterianas.
JAT: Quais os sintomas que podem alertar para a contaminação - de cães e seres humanos?
Douglas Presotto: Os sintomas acima mencionados, que não são específicos da leishmaniose. E também a procedência do cão. É preciso relatar a origem desse animal ou possíveis viagens a áreas de transmissão.
Os casos suspeitos em cães devem ser notificados pelo proprietário e/ou médico veterinário responsável pelo animal, à vigilância em saúde de campinas (COVISA, VISAS distritais ou Centro de Controle de Zoonoses). Os casos humanos suspeitos também devem ser notificados ao sistema de vigilância em saúde do município.
Rodrigo Angerami: Em relação aos humanos, são considerados casos suspeitos, com consequente necessidade de avaliação clínica, indivíduos que apresentem febre e aumento do baço, sobretudo quando procedentes ou residentes de áreas sabidamente de transmissão. Daí a importância das ações em andamento: caracterizar se existe ou não as condições para que haja a transmissão da doença.
JAT: Há tratamento eficaz?
Douglas Presotto: Não. O tratamento em cães não promove a cura parasitológica, ou seja, não elimina o parasita (leihmania chagasi) do organismo do cão, que continua como reservatório (fonte de infecção) para o inseto vetor, mantendo assim, o ciclo de transmissão para outros animais e também para o homem, o que pode contribuir para a disseminação desta doença. O tratamento canino com medicações de uso humano pode contribuir no desenvolvimento da resistência do parasita a esses medicamentos, com consequências graves no tratamento humano.
O tratamento nos cães é proibido, através da portaria interministerial (ministérios da saúde e da agricultura / mapa) nº 1.426, de 11 de junho de 2008, que “... proíbe o tratamento da leishmaniose visceral canina com produtos de uso humano ou não registrados no mapa".
Rodrigo Angerami: O tratamento para humanos existe e possibilita a cura. Importante, ressaltar, entretanto, que a precocidade do diagnóstico é elemento fundamental para a obtenção de um tratamento eficaz e, conseqüentemente, para aumentar as chances de cura. De modo geral, o tratamento é realizado em âmbito hospitalar, pelo menos em sua fase inicial.
Em relação ao tratamento canino, no Brasil, não há recomendações estabelecidas. Mas, existe a proibição por parte dos Ministérios da Saúde e Agricultura.
JAT: Que tipo de exame pode confirmar a doença?
Douglas Presotto: No município de Campinas, estamos usando todos os recursos laboratoriais possíveis, para confirmação do diagnóstico - incluindo o exame de PCR (que identifica o DNA da Leishmania), que é uma prova incontestável - só depois dessa confirmação é que procederemos à eutanásia, com a devida autorização do proprietário. Porém, essa medida é principalmente de saúde pública, e tem respaldo legal (legislação federal e estadual) para a sua realização.
Nos seres humanos os sintomas de hapatomegalia e esplenomegalia são detectáveis em exames clínicos - claro que essa sintomatologia já indica doença em curso. Como, na maioria dos casos, a doença nos cães precede a no ser humano, se tivermos transmissão da doença em cães, essa condição servirá de alerta para o sistema de saúde que, a essa altura, já estará sensibilizado e capacitado para atender as demandas no ser humano.
JAT: Se há cão infectado, significa que a doença em humanos é eminente?
Douglas Presotto: No Brasil, na grande maioria dos municípios nos quais a doença se tornou endêmica, a ocorrência de cães infectados geralmente precedeu a ocorrência de casos humanos. Os cães infectados, sem a menor dúvida, se constituem um elemento fundamental na cadeia de transmissão. Por esse motivo, a ocorrência de possíveis casos autóctones em Campinas merece atenção especial. Entretanto, segundo já observado em outros municípios, a identificação do cão infectado não implica, necessariamente, na ocorrência futura de novos casos entre a população de cães e nem no início da transmissão entre humanos.
JAT: Quais as ocorrências de leishmaniose visceral canina já foram registradas em Campinas?
Douglas Presotto: Para responder a essa pergunta precisamos distinguir os casos de leishmaniose visceral canina em importados (animais provenientes o que foram levados para áreas de transmissão da LVA, como os municípios do oeste do Estado de São Paulo ou de outros estados endêmicos, tais como minas gerais, mato grosso, estados do nordeste) e autóctones (casos contraídos no município de campinas).
Casos importados: em 2009 - 4 casos (1 de araçatuba-sp, 1 de castilho-sp, 1 de Belo Horizonte-MG, 1 de Campo-Grande-MS).
Caso autóctone: em 2009 - 1 caso - região leste de campinas (Sousas).
Caso de 2010 (Parque Taquaral - área de cobertura do Centro de Saúde Costa e Silva).
JAT: Quando há confirmação da doença, o cão deve ser sacrificado?
Douglas Presotto: Em relação ao cão, quando há confirmação da infecção, por lei (federal) há indicação da eutanásia. Este procedimento se justifica, por vários motivos: em primeiro lugar, o cão é o principal reservatório da leishmaniose e fonte de infecção para outros cães e para o ser humano; portanto, trata-se de uma medida de saúde pública; em segundo lugar, porque não há tratamento eficaz para a leishmaniose visceral canina, não havendo possibilidade da cura parasitológica - e o parasitismo cutâneo no cão é intenso, mesmo em animais tratados (experimentalmente); assim, não se consegue eliminar a condição de reservatório e, consequentemente, de fonte de infecção; por último, dada a gravidade da doença no cão, com desenvolvimento de uma sintomatologia muito grave, com sofrimento para o animal, a eutanásia é uma medida humanitária, para abolir o sofrimento do animal em uma doença incurável neste momento.
O último caso, até onde se sabe, foi na Vila Costa e Silva. Já é possível dizer se foi um caso autoctone?
Douglas Presotto: Este caso é de um cão proveniente da região norte de campinas (bairro São Martin). Posteriormente foi levado para o parque taquaral (em 2008). O proprietário refere uma viagem de curta duração com este animal para belo horizonte. Portanto não podemos defini ainda se este caso é autóctone ou importante.
O inquérito sorológico abrangeu quantos animais daquela comunidade (Costa e Silva) e que tipo de informações novas acrescentou? Ou quando ficam prontos os resultados e o que eles pretendem avaliar?
Douglas Presotto: Essa atividade se chama oficialmente de investigação de foco, ou seja, o domicílio de permanência deste cão positivo para LVA é o ponto de partida da investigação. A partir deste ponto trabalham-se os domicílios num raio de 200 metros (que é a distância média de vôo do inseto transmissor da LVA). Neste trabalho foram coletadas 121 amostras de sangue dos cães, as quais já foram encaminhadas para o Instituto Adolfo Lutz de São Paulo, onde serão processadas (resultados previstos para cerca de 30 dias). O objetivo deste trabalho é a identificação de outros cães positivos para LVA. Os exames sorológicos são testes de triagem de possíveis
cães infectados e não é conclusivo. Ou seja, os resultados positivos levarão à realização de outros exames, mais específicos, com a finalidade de realizar um diagnóstico preciso.
Quanto tempo demorou esta investigação? Houve identificação de foco do vetor?
Douglas Presotto: 4 dias - 19 e 20/01 - cadastro de imóveis e cães (realizados por agentes do centro de saúde costa e silva); 21 e 22/01 - coleta de sangue (realizadas por técnicos do centro de controle de zoonoses e vigilância em saúde do distrito leste e agentes do Centro de Saúde Costa e Silva).
Os trabalhos prosseguem nos dias 27, 28 e 29/01 - período noturno - equipe da SUCEN -Campinas e Centro de Controle de Zoonoses - para investigação do vetor. Esse trabalho é feito com o uso de aspiradores manuais, para a coleta de insetos no intra e Peri - domicílio. Os insetos coletados serão encaminhados à SUCEN para identificação.
JAT: Quais as orientações para a população da região?
Rodrigo Angerami: Primeiramente, é fundamental a colaboração da população da região sob investigação no sentido de possibilitar as ações dos técnicos envolvidos na avaliação dos domicílios, cães e a presença do vetor. Em segundo lugar, o cuidado com o espaço domiciliar e áreas de uso comum, no sentido de minimizar o risco de ocorrência do vetor. Some-se a isso atender todas as premissas de posse responsável de cães.
Douglas Presotto: notificar ao sistema de vigilância em saúde do município,quando da ocorrência em seu cão, de sintomas sugestivos da leishmaniose. Em caso de óbito do animal, que não seja por acidentes, notificar também, para que seja avaliada a possibilidade de óbito por LVA.
JAT: Há alguma atitude preventiva recomendada?
Rodrigo Angerami: Em relação aos cuidados contra o vetor, recomenda-se, sobretudo, evitar o acúmulo de material orgânico (por exemplo, restos de vegetais frutos, folhas, galhos, lixo, excrementos de animais). No que se refere aos cuidados com os cães, lembrar do papel destes enquanto fonte de infecção para o mosquito vetor. Por esse motivo, tornar o mais adequado e limpo possível o local habitado pelo cão é imprescindível, evitar o deslocamento dos cães para áreas ou municípios onde ocorra a transmissão da doença. O uso de coleira impregnada com repelente pode vir a ser uma medida adicional. Importante lembrar, que os proprietários procurem atendimento médico veterinário ao constatar a presença de sinais ou sintomas em seus cães que possam ser compatíveis com a doença no sentido de possibilitar o diagnóstico de maneira apropriada e precoce.
Douglas Presotto: Sim. Em relação ao ambiente: medidas gerais de limpeza, com remoção de restos vegetais e matéria orgânica em geral (fezes de animais, restos de frutas, etc...), restos de poda de árvores, corte de grama, uma vez que o vetor, mosquito palha, se cria nestas condições.
Usar telas milimétricas anti-insetos nas portas e janelas, para evitar a entrada desses insetos, que possuem hábitos noturnos.
Usar coleiras impregnadas com inseticida (deltametrina a 4%) nos cães, disponíveis nas lojas de produtos veterinários (pet shops, casas de ração, clínicas veterinárias). As coleiras devem ser usadas continuamente, e trocadas a cada 4 meses.
Informações:
A Leishmaniose canina é uma doença de notificação compulsória, o que significa que as ocorrências têm que ser informadas às autoridades sanitárias rapidamente. Se houver suspeita ou dúvidas, a população de Campinas pode se orientar pelos fones:
VISA LESTE : (19) 3212 2755 / 3212 2079
VISA NORTE: (19) 3242 5870 / 3213 8813
VISA SUL: (19) 3273 2600 / 3272 4604
VISA SUDOESTE: (19) 3227 1243 / 3227 4499
VISA NOROESTE: (19) 3267 1553 / 3268 6244
COVISA: (19) 2116 0186 / 2116 0187 / 2116 0277
CCZ: (19) 3245 1219 / 3245 1400 / 3245 2268
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