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Campinas-SP

 

ENCONTRO COM A ORQUESTRA JOVEM DA UNICAMP  


A Orquestra Jovem de Campinas foi criada em abril de 2002 com o objetivo de incentivar a formação de um público para a música clássica e proporcionar mais oportunidades aos jovens da região que desejam ingressar neste segmento. A Sinfônica Jovem, que já se apresentou em importantes espaços culturais da região, reúne os 50 melhores músicos, entre 15 e 27 anos, da Unicamp e do Interior do Estado de São Paulo. Todos esses músicos recebem uma bolsa, obtida através dos apoios da Unicamp e Petrobrás. Desde 2002, a Sinfônica se apresenta sob a regência da maestrina Simone Menezes e está vinculada ao Núcleo de Integração Cultural da Unicamp (Nidic). Os ensaios ocorrem às terças e quintas das 17:30 às 19:30 no Espaço Cultural Casa do Lago (Rua Érico Veríssimo, sem número; Cidade Universitária Zeferino Vaz, Distrito de Barão Geraldo). O telefone para contato é o (19) 3788-1702.


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O trabalho desenvolvido pela Orquestra Sinfônica Jovem de Campinas, que já realizou mais de 25 concertos este ano, vem conquistando elogios de músicos repeitados. O compositor e coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora da Unicamp, Jonatas Manzolli, os fatores humanos e musicais na orquestra impressionam pela capacidade educacional.
Para ele, que assistiu recentemente ao ensaio do grupo, “ficou claro que todos os fatores humanos e musicais que a Orquestra Jovem consegue unir em um ensaio, um concerto ou uma apresentação são um encontro dos sentidos - percepção polifônica da vida preservada em cada um dos jovens músicos. No universo multifacetado em que vivemos, as faces da música executada em conjunto têm importância educacional fundamental”, afirmou Manzolli.

Depois do ensaio, ele escreveu uma crônica e enviou à imprensa. Leia aqui a íntegra:

“A Casa do Lago da Unicamp transformou-se num espaço multi-cooperativo, diversos eventos orbitam em torno dela. Desta vez, iria presenciar um ensaio - um Ensaio de Orquestra. Como na introdução de Felini, ouvia as primeiras sonoridades logo à porta da Casa. Naquele momento, repleta de sons produzidos na sala ao lado pela garotada na sala ao lado – acordes, escalas, arpejos e pizzicatos. Entrei e sentei-me. O espaço estava também repleto de cadeiras. A minha frente, no centro da Orquestra, estava uma regente jovem, Simone Menezes, com idade não muito distante dos músicos. Este primeiro momento do encontro, mostrou-me uma característica peculiar da Orquestra Jovem da Unicamp – similaridade e continuidade.

A regente assistente da orquestra, a também jovem Claudia Jennings, convidou-me para acompanhar a partitura da peça que estava sendo ensaiada: “A Moreninha”, composta como narrativa sonora do romance homônimo de Alencar. Esta obra e outras de Ernst Mahle, compositor que adotou Piracicaba como sua segunda terra, foram dedicadas quase que integralmente ao ensino musical. Lia na partitura uma estrutura rítmica calcada em motivos sincopados, ouvia na Orquestra um fraseado leve, um conjunto equilibrado, sem caricaturas e exageros.

A maestrina interrompeu o ensaio, pediu à orquestra mais atenção na sincronia rítmica daquela passagem - outro momento peculiar do encontro. Senti o grau de interação entre os músicos e a regente. A busca na homogeneidade em cada arcada e fraseado, o cuidado na afinação e o capricho na sincronia rítmica, são gestos musicais no processo de gestação de uma postura orquestral em jovens músicos - caminhos onde nasce a dedicação à música.

Durante este ano, com o apoio do programa Petrobrás Cultural a Orquestra Jovem de Campinas -UNICAMP realizou um percurso que integralizou ensaios e concertos pedagógicos em diversas cidades. Todo este processo culminou com a produção e a gravação de um CD. Ao realizar a gravação deste conjunto de 07 obras: Concertino para Violino, Concertino para Fagote, Festa do Céu, Sinfonieta, Cambinada Elefante, aberturas das óperas “A Moreninha” e “Maroquinha Fru FRu”, a Orquestra Jovem presta tributo a um músico que se dedicou a compor obras para jovens músicos. No CD, o ciclo musical se fecha. Poderemos ouvir como o processo criativo do compositor transladou-se para os gestos de uma jovem regente e materializou-se no som de uma jovem orquestra.

Após a passagem do Concerto para Fagote e Orquestra - últimos detalhes de um ensaio geral, um dia antes da gravação - o som da Orquestra aparentemente terminava. As estantes ficaram vazias. Todos saiam juntos criavando uma paisagem sonora de despedida. Conversava com Simone, olhava para a turma e via alguns rostos conhecidos de outros encontros, aulas e contraponto. Houve um corte na fermata ...

Ficou claro que todos estes fatores humanos e musicais fazem de um ensaio de orquestra um encontro dos sentidos - percepção polifônica da vida preservada em cada um dos jovens músicos. No universo multifacetado em que vivemos, as faces da música executada em conjunto têm importância educacional fundamental.
O corte da fermata se fez para que outros sons fossem ouvidos. Não houve interrupção sonora, tudo continuou vivo dentro dos corações e mentes da jovem regente e da garotada - continuidade vivenciada em cada um. Não se pode subestimar a importância desta experiência nas suas vidas.“

Jonatas Manzolli
Professor e pesquisador da Unicamp


 

 
 
   
   
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