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Campinas-SP

 


ENTREVISTA

 

LUIZ GRACIOSO  

Um negócio de sucesso!


Por Fábio Guzzo



Com apenas quatro anos de existência, a ESAMC – Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação – já está presente em três capitais (Maceió, Salvador e Goiânia) e em outras quatro concentrações urbanas nacionais de elevada renda per capita (Sorocaba, Santos, Uberlândia e Campinas). Uma performance característica do que os especialistas consideram fenômeno empresarial. Por trás deste investimento está Luiz Gracioso, 44 anos, diretor-presidente da Instituição. Paulistano, Gracioso é administrador de empresas pela Fundação Getúlio Vargas e cursou seu MBA na Suíça, no IMD (Institute of Management Development).

Oferecendo apenas os cursos de Administração – habilitação em Marketing – e Comunicação Social – habilitação em Publicidade e Propaganda –, as ESAMCs são unidades pequenas (não passam de dois mil alunos), de alta qualidade e bem equipadas. Segundo Gracioso, “normalmente nossas unidades cobram a mensalidade mais altas da cidade onde estão instaladas oferecendo ensino de padrão das melhores do mundo”.

Em uma entrevista franca, na sede da empresa, em Campinas, Luiz Gracioso comentou abertamente sobre o mercado educacional dos últimos anos e não deixou de arriscar previsões para os vindouros.

Como surgiu a idéia de fundar a ESAMC?

Nós identificamos que existia uma necessidade no Brasil de uma faculdade que oferecesse um ensino de altíssima qualidade para quem não podia ou não queria ir estudar em São Paulo. Assim, começamos a oferecer em grandes centros urbanos que não a capital paulista um ensino com o mesmo padrão das melhores faculdades do Brasil e do mundo.

Como se define em qual cidade vai ser fundada uma nova ESAMC?

Como eu disse, são centros urbanos com mais de 600 mil habitantes, onde fazemos uma análise que cruza informações sobre as faculdades que estão atuando na cidade e o potencial do município. Este potencial é mensurado com base em dados do IBGE: número de habitantes, participação daquela cidade no PIB brasileiro, distribuição sócio-econômica. Já sobre as faculdades, analisamos quais as instituições que estão na cidade, qual é o nível e o modelo pedagógico delas. O importante não é se tem muitas ou poucas faculdades. O que importa é quais são estas faculdades porque a nossa proposta é entrar e oferecer a melhor qualidade. E até agora nós temos tido êxito na fundação das diversas ESAMCs.

Por que são oferecidos estes dois cursos em específico: Administração e Propaganda?

Porque são os cursos nos quais o nosso corpo de professores e de dirigentes já tinha experiência. Todos nós viemos da área de administração, marketing e comunicação mercadológica. Ou seja, esta é a nossa área.

Antigamente, só o fato de você ter cursado uma faculdade já era garantia de um bom emprego. Tendo como pano de fundo a década de 90, em que houve uma expansão do ensino superior privado (de 1994 a 1998, 80% do aumento das matrículas se deu no setor privado) e do desemprego (em pesquisa do IBGE de julho deste ano, temos hoje no Brasil 13% de desemprego aberto e 13,5% de trabalhadores que recebem menos de um salário mínimo), como lidar com as expectativas das pessoas que acreditam que ter um diploma é a salvação da lavoura?

Este avanço da iniciativa privada na economia não aconteceu somente no ensino superior, mas também nas telecomunicações, na siderurgia, enfim, em todas as áreas. Na década de 90, chegou-se a conclusão de que o Estado não tinha recurso para fornecer todos os produtos e serviços que ele vinha tentando fornecer até aquele momento. E que a única maneira do País continuar crescendo e acabar com os gargalos, seria se associando com a iniciativa privada. Isto porque o Estado não tinha recursos para fornecer aqueles serviços e produtos que vinha oferecendo até então. O ensino superior nada mais é como parte deste cenário.

Mas as pessoas procuram entrar nas faculdades porque acreditam que vão melhorar de vida, e muitas vezes isto não acontece. Esta não é uma idéia ilusória disseminada na sociedade?

Os dois fatos enunciados anteriormente [desemprego e expansão do ensino superior privado] são duas coisas totalmente separadas. O desemprego está aumentando porque a economia não está crescendo. A economia não está crescendo porque o governo não tem as contas dele sob controle, cobra muito em impostos e entrega pouco para a população. Ponto; isto é uma coisa!

Agora, o que você está colocando é “– puxa, mas hoje em dia você está formando mais gente e não tem emprego para todas estas pessoas”! É verdade; não tem emprego porque o País não está crescendo. Todavia, se você quer ter um diploma superior, por que você não poderia ter isso? Por que você não teve acesso a um bom ensino médio como outra pessoa? Por que o ensino superior não é aberto a todos que queiram estudar? Existe alguém no Brasil que teve algum tipo de missão divina para escolher que pode estudar ou não?

Mas não há uma contradição entre a pessoa achar que vai ter um bom lugar ao Sol com um diploma e na realidade o Sol estar a cada dia diminuindo sua incidência sobre os mortais?

Quando alguém estuda, busca uma oportunidade de melhoria de vida; você vai estudar buscando uma perspectiva de vida melhor. Mas não necessariamente, o fato de você ter estudado vai garantir que você atinja isto. Partindo do pressuposto que todos merecem o acesso ao nível superior, o aumento do número de vagas democratiza o mundo e o País. Caso contrário, você voltaria para um sistema de castas: você nasceu nobre, vai viver sua vida inteira nesta classe social e morrerá como um nobre. A mesma certeza para os servos. Em uma pesquisa publicada recentemente pela ONU, o Brasil é o país hoje com maior índice de mobilidade social do mundo.

Atualmente, nós percebemos muitos erros profissionais. Nós sentimos isso com maior visibilidade na área médica, em que sempre são noticiados erros médicos grosseiros. No mesmo sentido, parece que há uma menor exigência no nível dos vestibulares (lembre o caso carioca da Universidade Estácio de Sá em que um analfabeto passou pelo exame de seleção). Qual é a relação entre qualidade de profissionais formados e nível de exigência nos vestibulares?

Você disse que hoje aparenta existir mais erros profissionais. Resposta: eu não sei! Não há nenhuma pesquisa comprovando isto.

Segundo: estamos formando profissionais menos qualificados do que antigamente? Resposta: eu não sei! Se eu não tenho dados concretos para fazer esta constatação, não há como afirmar isto. Ninguém pode responder isto porque você precisa definir o que é essa qualificação.

Sobre o vestibular: com certeza é mais fácil passar hoje no vestibular do que há 40 anos. A relação candidato/vaga no total caiu porque você tem muito mais vagas sendo oferecidas do que décadas atrás. Agora, o fato de ter mais vagas não significa que uma faculdade tem que estar aceitando qualquer candidato. Esta pergunta em específico você tem que fazê-la ao pessoal da Estácio de Sá. O que eu posso responder é pelos meus alunos e por eles, quando sair o resultado do Provão eles vão ter a mesma nota do que os alunos da Getúlio Vargas de São Paulo. Isto porque o Provão avalia depois que o aluno passou pela faculdade. Então, após o curso eu te garanto que meus alunos vão estar tão bem preparados para o mercado quanto os alunos de qualquer outra universidade top do mundo.

E as perspectivas para o mercado educacional para os próximos anos?

Os bons vão sobreviver e os ruins vão quebrar. O que aconteceu na década de 90 foi que muita gente entrou. E agora está começando o processo de profissionalização disso daí. Ou seja, a partir do momento em que a população tem a oportunidade de escolha, ela vai escolher as melhores. Então, as melhores irão sobreviver e vão crescer.

 


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